Calor extremo- A subida dos termômetros ainda no inverno

levanta algumas preocupações de especialistas. Isto porque o suor é a principal forma de dissipar o calor, mas, em excesso, pode levar à desidratação, sobrecarregando o coração e causando diversas complicações.

Segundo a Dra. Cristina Milagre, cardiologista e médica do esporte do Hcor, uma das principais implicações é a exaustão térmica. “O sistema de termorregulação do corpo segue funcionando, mas não consegue dissipar o calor com a velocidade necessária, o que gera sintomas como fadiga extrema, tontura, náuseas, vômitos, desmaio, pulso fraco e rápido”, esclarece.
A situação pode ser ainda mais delicada para quem já tem alguma doença cardíaca, como a hipertensão arterial e insuficiência cardíaca. “Qualquer pessoa que tenha uma doença cardíaca de base pode sofrer com a descompensação do corpo. Isso acontece porque, quando a pressão cai, a frequência cardíaca aumenta para manter o corpo funcionando, aumentando o trabalho do coração podendo causar danos ao sistema cardiovascular”, explica a médica.

Sem os cuidados adequados, pode ocorrer a falência do sistema de termorregulação do corpo. “Nesses casos, a temperatura corporal pode subir acima de 40 graus, levando à confusão mental, desorientação ou perda de consciência, podendo evoluir para um quadro de coma e até óbito”, alerta.

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Calor extremo- A subida dos termômetros ainda no inverno

Para prevenir complicações durante os dias quentes, os principais conselhos são: manter o corpo hidratado, usar roupas leves e preferir realizar atividades físicas no começo da manhã ou final do dia. “É possível verificar a hidratação do corpo através da cor da urina, ela deve ser incolor. Se estiver amarela, significa que está faltando água no corpo. É importante também manter uma alimentação leve, com salada, frutas e legumes; também evitar a ingestão de bebidas alcoólicas, porque, por mais que seja refrescante, o álcool pode favorecer a perda de água do organismo”, finaliza.

 

Aquecimento das águas do Pacífico e do Atlântico agravam seca na Amazônia

 

Dois fenômenos simultâneos podem agravar e até prolongar a seca na Amazônia. Além do El Niño, que aumenta a temperatura das águas superficiais do oceano na região do Pacífico Equatorial, o aquecimento do Atlântico Tropical Norte, logo acima da linha do Equador, inibe a formação de nuvens, reduzindo o volume de chuvas na Amazônia. Pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), que monitora os rios da bacia Amazônica, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), que prevê redução das chuvas para a região Norte, e do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), que acompanha os impactos do El Niño no Brasil, apontam para a simultaneidade dos fenômenos. Todas as unidades são vinculadas ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI).
“O evento do Atlântico Tropical Norte está se somando ao El Niño. Dois eventos ao mesmo tempo são preocupantes. Tivemos isso entre 2009 e 2010, que foi a maior seca registrada na bacia do rio Negro nos últimos 120 anos”, explica o meteorologista Ricardo Senna, responsável pelo monitoramento da bacia amazônica no Inpa.

Apesar de o reflexo dos dois fenômenos ocorrerem em regiões diferentes da Amazônia, o aquecimento das águas do oceano desencadeia um mecanismo de ação similar sobre a floresta. Com a água do oceano mais quente, as correntes ascendentes carregam ar aquecido para a atmosfera. Esse ar segue até a Amazônia por meio de duas correntes descendentes. No caso do El Niño, o processo ocorre de leste para oeste – a partir do Pacífico. No caso do Atlântico, do norte para o sul.

“Esse ar mais quente atua inibindo a formação de nuvens e, por consequência, das chuvas”, afirma Senna.

Organismos internacionais, como a Organização Meteorológica Mundial, mostram um planeta mais quente, com recordes de temperatura nos últimos meses. Além disso, o oceano também está mais aquecido. Segundo a nota técnica do Cemaden, o Oceano Pacífico Norte e o Atlântico Tropical estão apresentando temperaturas entre 2 e 4oC graus acima. É nesse novo contexto que os fenômenos estão ocorrendo.

De acordo com o pesquisador Ricardo Senna, nos anos em que esses eventos ocorreram de forma simultâneo, houve atraso no início da estação chuvosa na Amazônia e foram registrados recordes históricos de seca. Além da estiagem expressiva registrada entre 2009 e 2010, houve um episódio em 2005.

“As condições começam a se repetir e provavelmente teremos uma grande seca, com atraso no início da estação chuvosa”, diz Senna.

 

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