A menopausa pode interferir na função cognitiva, em razão da queda do estrogênio, que acompanha a falência ovariana configurando a menopausa.
“Os dados americanos indicam que, aproximadamente, 5% das mulheres acima dos 60 anos de idade têm a função cognitiva afetada em razão da diminuição do estrogênio. Esse índice é de 12% nas mulheres acima de 75 anos e 28% acima de 85 anos, nos casos mais graves de demência”, explica a Dra. Dolores Pardini, endocrinologista que dará a aula “Função Cognitiva na peri e pós-menopausa: o que já sabemos?” durante o 14° Congresso Paulista de Endocrinologia e Metabologia – COPEM 2021, que acontece de 5 a 7 de agosto de 2021, totalmente online, organizado pela Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia Regional São Paulo (SBEM-SP).
Segundo a endocrinologista, a ciência vem comprovando de diversas formas a ação do estrogênio no sistema nervoso central. Existem receptores estrogênicos em vários órgãos, incluindo o cérebro. Esses receptores têm como finalidade expressar a ação do estrogênio no sistema nervoso centarl.
A falta do estrogênio pode acelerar o depósito da substância amiloide, a principal causa da doença de Alzheimer. A terapia de reposição hormonal (TH) pode melhorar a função cognitiva e retardar sua perda – que existe em função da idade e é aumentada com a falta do estrogênio. “No entanto, a TH não está indicada para tratar um déficit de função cognitiva, e sim preveni-lo. Mulheres que fazem a TH desde a perimenopausa têm benefícios muito maiores do que aquelas mulheres que iniciaram a reposição em idade mais avançada”, explica a endocrinologista.
O que se sabe também é que além de ter um efeito por si só na cognição, o estrógeno também potencializa a ação de alguns inibidores de recaptação de serotonina tais como fluoxetina e paroxetina. Portanto, se a mulher tem necessidade de um antidepressivo essas medicações serão potencializadas com a TH.
“Estamos fazendo uma revisão bastante extensa sobre o estrógeno na sua função cerebral: o que a falta dele pode acarretar, os tipos de estrogênio e de progesterona, já que ambos apresentam diferenças quanto a cognição dependendo da via de administração (oral ou não oral), tipo e dose do hormônio. Salientarei esse assunto na minha aula do COPEM 2021”, complementa a especialista.