Em mais uma rodada de votações da reforma política, a Câmara dos Deputados rejeitou nesta quinta-feira a proposta que acaba com as coligações partidárias nas eleições proporcionais – vereadores, deputados federais, estaduais e distritais. A medida teria como consequência acabar com a “indústria” de partidos nanicos que, durante as eleições, tornam-se meras legendas de aluguel ao aliar-se a outras agremiações para negociar tempo de televisão e cargos. 
No entanto, com um número recorde de 28 legendas na Casa na atual legislatura, das quais muitas seriam prejudicadas, o projeto não conseguiu maioria necessária – recebeu 206 votos favoráveis, sendo que o mínimo era de 308.
Durante a votação, os partidos de menor peso, como representantes do bloco comandado pelo PRB, com nove legendas e 38 deputados, fizeram um apelo contra o fim das coligações. “?? muito fácil defender a medida gastando fortunas nas eleições. Quero ver gastar pouco e gastar sola de sapato”, disse o deputado Edson Moreira (PTN-MG). “Temos de garantir a liberdade de associação partidária”, discursou a deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ).
Deputados contrários às coligações destacaram a quantidade de partidos no Brasil – atualmente são 32 – para questionar a necessidade deles, que sobrevivem às custas do dinheiro público do fundo partidário. “Nós somos contra coligação e contra carona. Política é para ter voto e ter representatividade nesse Parlamento”, afirmou o deputado Hildo Rocha (PMDB-MA).
“As coligações proporcionais viraram um instrumento de perda de qualidade no sistema político-decisório brasileiro. Você vota em ‘a’ e elege ‘z’. O eleitor é induzido ao erro”, disse o deputado Marcus Pestana (PSDB-MG).