O Departamento Regional de Saúde Campinas (DRS-Campinas), composto pelos municípios da RMC, apresentou 1.531 internações e 10,5 mil novos casos entre 16 e 22 de maio, ao longo da 20ª Semana Epidemiológica. Os números representam altas de 20% e 22,23%, respectivamente, em relação à semana anterior. Com isso, a taxa de ocupação de leitos de UTI volta a se aproximar de 100%. Em Campinas, pacientes já aguardam em fila de espera. (VEJA NOTA COMPLETA)

Para o infectologista André Giglio Bueno, o agravamento da pandemia se deve às flexibilizações autorizadas pelo Governo do Estado de São Paulo, aderidas pelos municípios da região. Há cerca de um mês, o Plano São Paulo anunciou transição para a fase laranja, permitindo funcionamento de estabelecimentos como academias, shoppings, bares e restaurantes.

“O índice de isolamento social exibiu queda expressiva após o avanço para a fase de transição. O cenário que se desenha parece deixar claro o efeito dominó provocado pela diminuição das restrições. Sem a prevenção e com a pequena fatia da população vacinada, é certa uma maior circulação do vírus, resultando no aumento da procura por atendimentos, das internações e dos novos casos e mortes”, afirma Giglio.

O professor de Medicina da PUC-Campinas entende que o governo e as prefeituras não podem hesitar na adoção de medidas mais rigorosas, tendo em vista o crescimento assustador de casos. “Esperamos que todos os municípios, pelo menos os da nossa região, utilizem alguns indicadores precoces, tais como os apresentados na Frente Nacional de Prefeitos, a fim de possibilitar uma abordagem regionalizada mais ágil da pandemia”, avalia.

Finalizada a 20ª Semana Epidemiológica, a Região Metropolitana de Campinas (RMC) e a cidade de Campinas também apresentaram taxas crescentes de novas contaminações. O aumento foi de 21% (6,8 mil casos) e 24% (1,9 mil casos), nesta ordem, comparando-se ao período anterior. Em contrapartida, houve queda na quantidade de mortes. Os números atualizados podem ser obtidos no Painel Interativo do Observatório: https://observatorio.puc-campinas.edu.br/covid-19/.

Possibilidade de terceira onda pode frear recuperação econômica

A expansão dos casos, que pode motivar nova implementação de medidas para distanciamento físico, ameaça atrasar a recuperação econômica da região, que apresentou indicadores positivos no primeiro trimestre deste ano. A avaliação é do economista Paulo Oliveira, que coordena os estudos relativos à covid-19 pelo Observatório PUC-Campinas.

“Até março, a região teve saldo positivo de 23,7 mil postos de trabalho, e os dados da balança comercial vêm mostrando aumentos no volume de exportações e importações, indicando uma retomada da atividade econômica. Com a possibilidade de novos fechamentos, combinada com o ritmo lento da vacinação, não há como esperar a sustentação desses indicadores”, diz Oliveira.

O docente extensionista alerta, ainda, que a queda na atividade deve comprometer a renda da população. Os novos valores pagos pelo Programa Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda não são capazes de compensar as perdas salariais causadas pela redução de jornada ou suspensão do contrato de trabalho. “Em 2020, 60% dos acordos firmados na região foram para suspensão total da jornada. Outra fatia considerável teve 70% da carga horária reduzida. Ocorrendo um cenário parecido, o impacto para as rendas, sobretudo para salários mais altos, seria bem expressivo”, acrescenta.

Observatório PUC-Campinas

O Observatório PUC-Campinas, lançado no dia 12 de junho de 2018, nasceu com o propósito de atender às três atividades-fim da Universidade: a pesquisa, por meio da coleta e sistematização de dados socioeconômicos da Região Metropolitana de Campinas; o ensino, impactado pelos resultados obtidos, que são transformados em conteúdo disciplinar; e a extensão, que divide o conhecimento com a comunidade.

A plataforma, de modo simplificado, se destina à divulgação de estudos temáticos regionais e promove a discussão sobre o desenvolvimento econômico e social da RMC.  As informações, que englobam indicadores sobre renda, trabalho, emprego, setores econômicos, educação, sustentabilidade e saúde, são de interesse da comunidade acadêmica, de gestores públicos e de todos os cidadãos.