O indicador antecedente da Boa Vista de Movimento do Comércio, que acompanha o desempenho das vendas no varejo em todo território nacional, subiu 1,5% entre os meses de abril e maio. O desempenho do varejo no mês sucedeu uma alta de 0,9% em abril na mesma base de comparação, mas ainda registra queda de 0,8% no trimestre móvel encerrado em maio contra o trimestre móvel imediatamente anterior, de acordo com dados dessazonalizados.

Na série de dados originais o indicador recuou 1,8% na comparação interanual, mas o resultado acumulado no ano segue positivo: alta de 1,1% contra o mesmo período do ano passado. Já na análise de longo prazo, medida pela variação acumulada em 12 meses, o indicador não só desacelerou, como também, voltou a mostrar uma retração do setor, de 0,2%, ante um crescimento positivo de 1,3% até o mês de abril.

A alta no mês contou com diversos fatores, dentre eles, a liberação do saque ao FGTS, que segundo o Ministério da Economia beneficiou cerca de 24,9 milhões de trabalhadores, injetando algo próximo de R$ 17,9 bilhões na economia.

“Vale ressaltar que o FGTS também deverá contribuir para o setor no mês de junho, dado que os saques se encerraram no dia 15 deste mês. Outro ponto importante foi o aumento da confiança dos comerciantes no mês, mais motivados, talvez, devido ao Dia das Mães. Mais do que isso, é válido ressaltar que os números do mercado de trabalho tiveram boa evolução entre os meses de março e abril. A taxa de desemprego caiu de 11,1% para 10,5%, o menor nível desde fevereiro de 2016 (10,3%)”, acrescenta Flavio Calife, economista da Boa Vista.

Apesar disso tudo, o cenário é delicado e requer cautela, dado que o poder de compra do consumidor tem sido muito impactado pela inflação. O IPCA até desacelerou no período, passando de 12,13% em abril para 11,73% em maio, mas ainda é elevado. O aumento dos juros, como era esperado, começou a surtir efeito, mas o custo de recolocar a inflação numa trajetória que leve à meta de inflação tende a ser uma taxa Selic alta por mais tempo.

Por fim, a projeção para o ano ainda é de crescimento do varejo. A curva de longo prazo do indicador pode até recuar mais um pouco nos próximos meses, mas ela tende a cruzar a linha da estabilidade mais uma vez este ano após se recuperar das quedas observadas no final do ano passado, lembrando que de setembro a dezembro o indicador havia caído 3,7% em comparação ao mesmo período do ano de 2020.

Metodologia

O indicador Movimento do Comércio é elaborado a partir da quantidade de consultas à base de dados da Boa Vista por empresas do setor varejista. As séries têm como base a média de 2011 = 100, e passam por ajuste sazonal para avaliação da variação mensal. A partir de janeiro de 2014, houve atualização dos fatores sazonais e reelaboração das séries dessazonalizadas, utilizando o filtro sazonal X-12 ARIMA, disponibilizado pelo US Census Bureau.