O ano de 2020 deverá ser marcado como o período onde a aviação comercial brasileira enfrentará a pior crise de sua história. Com a paralisação quase que total das atividades turísticas, a movimentação de passageiros em maio encolheu cerca de 90% em comparação ao mesmo mês do ano passado. Assim, pode-se inferir que a atividade do setor permanecerá em patamares mínimos nos próximos meses, necessitando de um longo período para recuperar os níveis pré-crise Covid-19.
Com aviões parados há meses e sem perspectiva da retomada, as três principais companhias aéreas nacionais vem sentindo os efeitos da crise em seus balanços financeiros que as coloca em situação de extrema vulnerabilidade.
Nesta semana, a Latam Brasil, que há pouco tempo era líder de mercado entrou com pedido de recuperação judicial nos Estados Unidos, assim como outras afiliadas do grupo. Assim, a Latam Brasil, que tem uma dívida futura de R$ 13 bilhões poderá legalmente alongar o prazo desta dívida, além de ter acesso às condições de crédito com melhores condições.
A Gol, atual líder de mercado, informou que poderá reduzir sua frota em até 65 aeronaves (entre devoluções e cancelamentos de recebimentos futuros), de forma a reduzir seus investimentos e custos até 2022, dada a condição precária do mercado.
Já a Azul, apesar de alegar que tem caixa para mais um ano nestas condições, se encontra num processo intenso de contenção de custos. A terceira maior aérea do Brasil está negociando com sindicatos, arrendadores de aeronaves, bancos e fornecedores para preservar recursos sem que tenha que recorrer a qualquer proteção legal como decidiu a Latam.
Especialista do Setor: Felipe Souza.
Economista Chefe. Mestre em Economia pela UNESP Araraquara. Iniciou as atividades na Lafis em 2010, onde é macroeconomista (ênfase em política monetária – inflação e juros), além de ser responsável pelo acompanhamento dos setores de transportes e indústria de base.