Os últimos anos foram marcados pelo aumento das equipes de TI nas empresas, que perceberam o quanto incorporar tecnologia às atividades diárias trazia mais agilidade e eficácia aos processos. O resultado foi uma corrida por especialização da área, que hoje conta com profissionais extremamente capacitados para criar soluções e conferir modernidade aos produtos que desenvolvem.

Não à toa, o setor foi um dos que menos sentiu os impactos da crise. Um levantamento feito recentemente pela Brasscom (Associação Brasileira das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação) mostrou que mais de 10% das empresas de TI devem contratar em meio à crise. Ou seja, na contramão do que vem acontecendo com a maioria dos segmentos, este deve crescer durante a pandemia.

Por outro lado, a alta rotatividade do setor é algo que preocupa os profissionais. Segundo uma pesquisa da KPMG, divulgada pelo Wall Street Journal, os funcionários das empresas de tecnologia temem perder suas funções para a automação, inclusive para ferramentas usadas em reposta à pandemia. A substituição do homem pela máquina é uma discussão de décadas e, sim, isso já vem acontecendo, mas em tarefas repetitivas ou que exigem esforço físico, na maioria das vezes – em uma velocidade bem menor do que as pessoas imaginavam há 30 anos.

Este é um momento em que as empresas estão pensando na capacitação de seus profissionais e no aperfeiçoamento de processos internos de trabalho, para que, no momento em que a demanda de trabalho aumentar, todos estejam prontos para agir rapidamente. Como a evolução está cada vez mais ligada aos negócios, a tecnologia por si só deixou de ser o ponto mais importante, dando o lugar de destaque para as pessoas que fazem as coisas acontecerem.

Por isso, apesar das empresas ainda buscarem as hard skills, como conhecimento técnico, raciocínio lógico ou facilidade em trabalhar com números, são as soft skills que fazem toda a diferença, como o relacionamento entre equipes, comunicação e organização. A lógica é que, uma vez que a pessoa adquire um conhecimento técnico, ela o leva para o resto da vida. Já as habilidades comportamentais são mais difíceis de desenvolver.

Sentir-se inseguro, achando que será substituído por automação parece precipitado, mas, de qualquer forma, serve de alerta para não ficar parado. É preciso se preparar para um cenário cada vez mais tecnológico, e a solução não está em aperfeiçoar aquilo que uma máquina pode fazer. Habilidades humanas, como em relacionamento interpessoal, gestão de pessoas e empatia são algumas das habilidades que não se encontram em ferramentas e que, provavelmente, abrirão muito mais portas que apenas o conhecimento técnico.

Outro ponto importante é que, hoje, as empresas investem, em média, 8% do faturamento em TI. Este investimento deveria aumentar, pois ficou claro que essa é uma área fundamental para a operação e com bom retorno sobre investimento, especialmente quando o trabalho presencial e setorizado em departamentos fica impossibilitado, como está ocorrendo agora, durante a pandemia.

Com a aceleração da transformação digital, empresas que não operavam dessa maneira precisaram se reinventar. Agora, o desafio é integrar as mudanças à cultura organizacional. Assim, será indispensável um aumento dos investimentos em TI, não só com infraestrutura e software, mas também no trabalho da criação de uma nova cultura, serviço que é geralmente fornecido por consultorias de transformação digital.

Demos início a uma corrida contra o tempo, em que as empresas com maior investimento em transformação digital estarão mais preparadas para sobreviver à crise. E é assim que o setor de TI se tornará um forte aliado dos negócios.

Por Anderson Mancini, com colaboração de Hugo Felipe e Thaís Mariano