Desde seu lançamento no dia 10 de janeiro até o momento, a plataforma de Inteligência Artificial (IA) chinesa DeepSeek se tornou  o aplicativo mais baixado da PlayStore, do Google. Isso gerou grande impacto no Vale do Silício, ao ponto que, em 27 de janeiro, as principais empresas de tecnologia dos Estados Unidos – Apple, Microsoft, Google/Alphabet, Amazon, Nvidia, Tesla e Meta – perderam, em conjunto, mais de US$ 600 bi em valor de mercado

Mas uma das empresas que mais tem com o que se preocupar é a OpenAI, dona do ChatGPT, que apresentou, no início de fevereiro, uma nova ferramenta, a ‘deep research’. Nela, o usuário fornece o comando e o ChatGPT entrega um relatório completo e detalhado, produzido a partir da pesquisa, análise e sintetização de centenas de fontes online.

DeepSeek x ChatGPT: diferenças entre as plataformas

De acordo com o diretor de soluções de Inteligência Artificial da Hyperize, Maurício Denari, o modelo da OpenAI, o GPT-4, tem uma vantagem clara no quesito maturidade em comparação com a DeepSeek: “A OpenAI tem anos de experiência no desenvolvimento de IA, o que se traduz em maior confiabilidade e estabilidade no uso por parte de empresas, por exemplo. A DeepSeek, que é mais recente, ainda está em fase de comprovação, apesar de prometer alta eficiência e menor custo”, pondera o especialista.

Leia + sobre Tecnologia e ciência

Outro ponto levantado por Denari é a estabilidade do ambiente. Segundo ele, a OpenAI já possui uma plataforma robusta e um suporte técnico consolidado, o que garante mais confiança e segurança principalmente em processos críticos de empresas. “A DeepSeek, por outro lado, ainda está construindo essa infraestrutura, o que pode gerar algumas instabilidades”, diz.

No quesito hiperautomação, de acordo com Denari, a OpenAI se destaca novamente. “Seus modelos podem ser integrados em diversos processos empresariais, automatizando tarefas e otimizando operações. A DeepSeek ainda precisa demonstrar sua capacidade nesse campo, apesar do seu potencial.”

Já na construção de agentes para verticais de IA, como saúde, finanças e varejo, a OpenAI também leva a melhor. “Ela oferece ferramentas e APIs que facilitam essa personalização, permitindo a adaptação para diferentes setores. A DeepSeek ainda está desenvolvendo suas ferramentas nesse sentido”, compara Denari.

Segurança deepseek

Uma questão que também entrou em pauta foi a segurança. Mesmo com pouco tempo do chatbot no ar, o DeepSeek sofreu ataques cibernéticos em alta escala.

Mas o risco de segurança para usuários pode ir além. Segundo investigadores  da empresa de Cibersegurança Kela, e conforme divulgado pela revista Forbes, o DeepSeek R1 possui vulnerabilidades, como, por exemplo, ser usado para criar malwares, ransomwares e códigos para roubo de dados sensíveis.

Ainda sim, de acordo com Denari, a plataforma foi criada recentemente e precisa evoluir em alguns aspectos, mas demonstra preocupação com a proteção de dados. “Já a OpenAI possui mais experiência e já investe em políticas e ferramentas de segurança mais consolidadas. É fundamental que as empresas e usuários comuns avaliem cuidadosamente os riscos antes de adotar qualquer IA, e a OpenAI já tem um caminho mais longo percorrido nesse aspecto”, afirma o especialista.

 

Quem vence?

Para Denari, o fato da OpenAI ter mais tempo de mercado a coloca na frente no quesito de preparo para atender as necessidades do usuário. Porém, que a DeepSeek possui forte potencial.

“A OpenAI apresenta maior maturidade, estabilidade, segurança e prontidão tanto para a hiperautomação quanto para a construção de agentes de IA. Enquanto ela está consolidada neste mercado, a DeepSeek precisa demonstrar sua capacidade e evoluir em vários quesitos. Mas para seu pouco tempo de existência, ela já demonstra um forte potencial, e seu menor custo é um aspecto positivo e que, com certeza, contribui para sua popularidade. Vale a pena ficar de olho”, conclui.

 

Sobre Maurício Denari, diretor de soluções IA da Hyperize

Maurício Denari é especialista em soluções de Inteligência Artificial formado em Processamento de Dados pela Universidade Lusíadas. Possui pós-graduação em Análise e Projeto de Sistemas pela Universidade Paulista, Gestão de Tecnologia pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), além de MBA em Informática, Tecnologia e Internet pela FIA Business School e MBA em Conhecimento de Tecnologia e Inovação pela Universidade de São Paulo (USP).

 

Possui 20 anos de experiência na área de tecnologia, com longa atuação em empresas do setor farmacêutico. Atualmente, é diretor em soluções de IA da Hyperize, agência de Inteligência Artificial especializada em automação e produtos verticais de IA para empresas. A Hyperize entrou em joint venture junto com a ZPT Digital, empresa especializada em desenvolver soluções para a transformação digital nos negócios.

 

+ NOTÍCIAS NO GRUPO NOVOMOMENTO WHATSAPP