O Centro de Referência LGBT (CR LGBT) celebrou sexta-feira, dia 29, na Praça Bento Quirino, seus 19 anos de atividade. A celebração ocorreu em um momento que Campinas registra uma alta nos casos de homofobia. Segundo dados da Polícia Civil, 49 boletins de ocorrência de homofobia foram registrados no primeiro semestre deste ano na cidade, o número é 58% superior ao mesmo período de 2021, quando foram computados 31 casos.

“É importante destacar que esse avanço não é, pura e simplesmente, uma iniciativa com começo, meio e fim no poder público. Era uma reivindicação da sociedade civil que a Prefeitura de Campinas transformou em política pública. Política pública se faz com parceria e sem o apoio da sociedade civil nada disso teria sido possível.”, afirmou Vandecleya Moro, secretária municipal de Assistência Social, Pessoa com Deficiência e Direitos Humanos de Campinas.

A celebração foi marcada também pela entrega da 3ª Edição do Selo Compromisso com a Diversidade e do Prêmio Cidadania LGBTQIA+, entregue para parceiros que praticam ações de inclusão, acolhimento e sobretudo que contribuam para a cidadania plena dessa população. Foram premiados com o Selo Compromisso com a Diversidade a Secretaria Municipal de Esportes, a Secretaria Municipal de Assistência Social, Pessoa com Deficiência e Direitos Humanos, a Secretaria Municipal de Cultura e Turismo, a Coordenadoria da Juventude, o Cursinho Popular Marielle Franco, a Casa de Passagem Nossa Casa, a ACOUCAI, o Ambulatório Transcender, a Casa sem Preconceitos, o Consultório na Rua, o Hemocentro Unicamp, o Hospital de Amor, o Instituto Bárbara Meneses, a Oscip Terra das Andorinhas, o Bar Rota 54, o grupo Caos, a Comissão da Diversidade Sexual da OAB de Campinas, o Espaço Saberes e Sabores e a empresa Flex, de Jaguariúna.

Receberam o Prêmio Cidadania LGBTQIA+ Anderson Felix, Marcos Roberto dos Santos Júnior, Ewerton Silvino, Luis Henrique Amaral Guilherme e Douglas Holanda, da Associação da Parada LGBT, a drag queen Thalita Petrovani, a tradutora de libras Jady Mitchels, Paulo Tavares Mariante, do Grupo Identidade, e o Ambulatório Transcender.

O Centro de Referência LGBT de Campinas foi implementado em 31 de julho de 2003 e já realizou mais de 12 mil atendimentos desde seu surgimento. Trata-se do primeiro serviço público do país especializado em salvaguardar os direitos fundamentais e sociais da população LGBT e suas famílias. Esse equipamento dispõe de uma equipe multidisciplinar que oferece assistência social, psicológica e orientação jurídica, gratuita aos usuários e seus familiares.

O CR LGBT, por meio de ações pontuais, busca também contribuir para a quebra dos paradigmas e preconceitos sociais rumo a novos horizontes que ultrapassem os limites da previsão legal, em prol da dignidade.

Embora seja um serviço totalmente financiado pelo município de Campinas, O CR LGBT acolhe também usuários dos municípios que compõem a Região Metropolitana de Campinas, por não terem estas cidades um serviço diferenciado e qualificado para atender as demandas dessa população de suas famílias.

Os serviços previstos são acolhimento, escuta, orientação, acompanhamento e encaminhamentos de acordo com as demandas trazidas por essa população e suas famílias; enfrentamento à violência, preconceito e à discriminação por orientação sexual e identidade de gênero.

Compete ao profissional de psicologia acolher o usuário, ouvir e orientá-lo em suas demandas e promover o protagonismo e o empoderamento destas pessoas. Para tanto, busca minimizar a angústia e o sofrimento causados pela não aceitação familiar e social de sua orientação sexual ou identidade de gênero. Toda a população LGBTQIA+ pode sofrer com o preconceito e com a discriminação, inclusive com agressões físicas, verbais e sexuais.

Já o profissional de Assistência Social tem sua atuação voltada para o indivíduo inserido em um processo de exclusão, de forma a estimular o resgate dos vínculos familiares e comunitários, objetivando sua participação política, econômica, social e consequentemente a vivência da cidadania plena, além de propor a visibilidade de uma população até então invisível para o serviço social e para as políticas públicas.