O desmatamento na Amazônia aumentou 13,7% entre agosto de 2017 e julho de 2018, com 7.900 km² devastados, maior perda florestal em uma década. Os dados foram divulgados pelos ministérios do Meio Ambiente (MMA) e da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) nesta sexta-feira (23/11).
No período anterior, o desmatamento havia atingido 6.947 km². A área devastada no último ano é a maior desde 2008, quando 12.911 km² foram atingidos. A maior taxa anual dos últimos 30 anos foi a de 1995, de 29.059 mil km², e menor, a de 2012, de 4.571 km². Os estados com maiores índices de desmatamento no último ano foram PA, MT, RO e AM, nesta ordem. Somente no Pará, 2.840 km² foram desmatados, 36% do total.
“O recrudescimento do crime organizado que atua no desmatamento ilegal da Amazônia, destruindo as riquezas naturais do país e causando danos para toda sociedade, está associado a outras práticas criminosas, como tráfico de armas e animais, trabalho escravo, evasão de divisas e lavagem de dinheiro???, afirmou o ministro do Meio Ambiente, Edson Duarte.
A medição do território desmatado é feita pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), por meio do Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal por Satélite (Prodes). As imagens do satélite registram as áreas em que a cobertura florestal primária foi completamente removida em mais de 6,25 hectares, independente da finalidade.
Ações de combateSegundo nota do Ministério do Meio Ambiente, as ações de fiscalização ambiental e de combate ao desmatamento na Amazônia foram intensificadas desde o ano passado. O número de autuações pelo Ibama, por exemplo, aumentou 6%, destacou o ministério. O volume de madeira apreendida subiu 131%, e o de equipamentos apreendidos, 183% em relação aos resultados das operações contra ações ilegais do ano anterior.
Declarações do presidente eleito Jair Bolsonaro sobre o meio ambiente preocupam ambientalistas. O presidente já se disse favorável à saída do Brasil do Acordo de Paris sobre o clima, por exemplo, e há anos critica normas ambientais supostamente rigorosas demais, que atravancariam o setor agrícola. Bolsonaro chegou a anunciar a fusão dos Ministérios da Agricultura e do Meio Ambiente, mas voltou atrás porque a proposta não agradava nem o setor agropecuário nem os ambientalistas.
Neste sábado, a ONG Greenpeace afirmou que a Amazônia brasileira está sob ameaça caso o Congresso aprove projetos apoiados por Bolsonaro. “Esse conjunto de propostas beneficia aqueles que vivem do desmatamento da floresta, da apropriação ilegal das terras e do roubo do património natural dos brasileiros. As consequências estão agora traduzidas nos números da destruição da Amazônia”, disse Marcio Astrini, coordenador de políticas públicas da Greenpeace Brasil.
“Os números da destruição, que já eram altos e inaceitáveis, ficaram ainda piores. Grande parte das respostas para esse aumento estão em Brasília, é a partir do centro de poder que vem parte do estímulo constante ao crime ambiental nos recantos da Amazônia”, disse o coordenador de políticas públicas da Greenpeace.