Filmes sobre esporte são ricos em gerar reflexões que são úteis em todas as áreas de nossa vida, principalmente em sociedades complexas em que diversos temas se entrelaçam. Um exemplo, ainda mais para refletir no começo do ano, é ‘McFarland, EUA’, que tem Kevin Costner no papel do treinador de uma equipe de atletismo de cross-country.
A ação se passa em McFarland, região central da Califórnia, local de ampla imigração mexicana. Os filhos dos trabalhadores agrícolas locais encontram na corrida uma motivação não só para dar um sentido às suas vidas, mas também para entrar na universidade.
O fato, ocorrido em 1987, mostra como a integração entre culturas diferentes pode ser complexa. O treinador precisa aprender a linguagem, os hábitos e costumes de seus jovens atletas. E eles, por sua vez, por sua vez, precisam lidar com a possibilidade de ampliar as suas expectativas e potencialidades. E isso só ocorre com o risco de perdas e frustrações.
Aprender a trabalhar com sucessos e fracassos é um dos questionamentos que o filme traz. Existe nele a discussão de que a determinação individual e o senso de grupo são essenciais para o sucesso. Isso está cristalizado na competição de cross-country, em que as colocações individuais são pontuadas para definir o posicionamento da equipe.
E, como se sabe, realizar trabalho em equipe é uma das maiores dificuldades numa sociedade em que se fala muito em atuar junto, mas, no cotidiano, a prática individual ainda é muito valorizada, o que paradoxalmente conduz também a enormes dificuldades de lidar com o diferente em todas as suas manifestações.
Oscar D’Ambrosio é jornalista pela USP, mestre em Artes Visuais pela Unesp, graduado em Letras (Português e Inglês) e doutor em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e Gerente de Comunicação e Marketing da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo.