Na data de 20 de novembro, comemora se no Brasil o dia da Consciência Negra. Uma lembrança capenga, feita em parte, pois com a lei elaborada de forma facultativa, nem todos os municípios respeitam o feriado para que esta magnífica parcela da população e os demais se congratulem e comemorem, homenageando a força motriz, que por séculos, transformou o Brasil, de um amontoado disforme de degradados europeus na fabulosa potencia que nos dizeres do antropólogo Darcy Ribeiro, compõem o país de mil faces e de mil cores.
Em que pese a escravidão ter nascido com a humanidade e ser registrada desde os tempo remotos, tanto que sua origem vem do ???slaves??? ou seja os eslavos, brancos de olhos azuis, escravizados pelas hordas conquistadoras do nosso hemisfério, foi a escravidão ligada ao negro que realmente deu vida, sob a lei da chibata, ao que nos chamamos hoje de nação.
Foi a partilha da Mama África, citada nos registros portugueses das Etiópias, de onde, quer para se livrar da manutenção de prisioneiros de guerra em conquistas ou por mero comércio humano, realizado sob as vistas grossas do mundo dito civilizado, que deu o quinhão necessário para o salto de desenvolvimento do mesmo, especialmente nesse nosso Mundo Novo.
Dos horrores da Fortaleza de São Jorge da Mina, na atual Gana e por toda a costa africana entrepostos comerciais tratavam da maior riqueza da época: o comércio de escravos. Dali, capturados e vendidos como animais, separados da família e na maioria das vezes açoitados até que suas forças se rendessem ao opressor, como cita o historiador Laurentino Gomes, no primeiro livro da sua trilogia ??? Escravidão??? nos dando conta documental e histórica desse êxodo forçado sem precedentes na humanidade.
Aqui o negro que chegou, como escravo, inteirou se à tênue sociedade existente de degredados e nativos e contribuiu para o engrandecimento da nação. Resquícios de racismo ainda existem e tem que ser combatidos arduamente para que possamos fazer jus a uma sociedade justa e solidaria.
Vou além. A data deve sim ser feriado nacional e comemorada de todas as formas para que tal brutalidade não se repita e seja extirpada de vez no nosso meio. Que não se restrinja apenas a conscientização, que é intrínseco e introspectivo. Que seja comemorada e festejada primeiro para saudar a verdadeira força motriz desse gigante chamado Brasil e em segundo lugar para ficar latente e patente que entre nossas mil cores reinantes imperem a paz e a harmonia dos nossos povos.
MAJOR CRIVELARI
VETERANO DA POLÍCIA MILITAR