Eu ainda tenho, graças a Deus. Mas milhares de família passarão o próximo domingo em luto. Para muitos será a primeira data em celebração paterna sem a figura homenageada. Isso porque 57% das vítimas fatais do Covid 19 foram homens, e em sua maioria na idade adulta, o que nos leva a crer que deixaram filhos.

Foi um massacre semelhantemente aos cenários passados de guerra, por isso será um dia para homenagear esses heróis que foram à luta, persistindo no seu trabalho, afinal sua casa dependia deles. Infelizmente foram fatalmente atingidos à queima roupa por um vírus cruel. O socorro demorou a chegar, não deu tempo de voltar à base, morreram ali mesmo, foi rápido demais.

A dor do luto será amenizada com o tempo, esperamos, no entanto a ausência paterna reflete em novos empasses para a sociedade. Sem pandemia já tínhamos mais de 5,5 milhões de crianças/pessoas que não possuem o nome do pai em seus registros de nascimento segundo o Conselho Nacional de Justiça – CNJ.

É uma lacuna não só no documento pessoal, mas também na formação da personalidade do ser humano. A figura paterna ou a pessoa mais próxima da criança depois da mãe, é tão responsável por sua formação psíquica e emocional quanto a genitora.

Na Câmara dos Deputados já corre um projeto de lei que propõe “pensão por morte, no valor mensal limitado a um salário mínimo, àqueles filhos menores de 18 anos caso o pai ou a mãe, ou ainda ambos, tenham morrido em decorrência do novo coronavírus”. Sinceramente não sei se será aprovado.

Esperamos não só projetos de ajuda financeira, vacina e retomada econômica, mas políticas públicas que olhem para essa nova realidade e construa oportunidades para os órfãos do coronavírus. Um feliz Dia dos Pais!

José Odécio de Camargo Júnior – é advogado