Dieta do DNA? DNA, microbiota e hipersensibilidade: médico explica as novas bases do emagrecimento efetivo

Avanços na nutrologia permitem estratégias personalizadas para controle de peso com base na genética, na flora intestinal e nas reações alimentares do organismo.

Você é o que você come? A frase popular ganha novos contornos diante dos avanços da ciência. Hoje, é consenso afirmar que além da quantidade e da forma de preparo dos alimentos, os impactos do que se come para o organismo também são influenciados por fatores genéticos e pela microbiota intestinal — conjunto de micro-organismos que habita o sistema digestivo. Essas novas abordagens estão mudando a forma como o emagrecimento é tratado, deixando para trás dietas genéricas em favor de estratégias personalizadas e mais eficientes.

A chamada medicina de precisão, comum em centros como Rio e São Paulo, começa a se popularizar também na Grande Vitória. Com o auxílio de testes genéticos, da análise da microbiota e da identificação de hipersensibilidades alimentares, médicos e nutricionistas conseguem identificar de forma mais objetiva o que está por trás de quadros como dificuldade de perder peso, inflamações silenciosas, compulsão alimentar e estagnação de resultados.

“A gente percebe que muitos pacientes que seguem orientações gerais continuam sem alcançar os seus objetivos. Quando analisamos o DNA e o perfil da microbiota intestinal, conseguimos entender, por exemplo, se há sensibilidade aumentada ao sódio, predisposição à resistência insulínica ou desequilíbrios inflamatórios que atrapalham o metabolismo”, explica o médico Danilo Almeida, pós-graduado em Nutrologia pela ABRAN e fundador da Clínica Versio, em Vitória (ES).

Segundo o especialista, essas informações permitem montar planos alimentares, suplementações e treinos sob medida, de acordo com a resposta individual do corpo. Isso inclui avaliar geneticamente como o organismo metaboliza gorduras, carboidratos e cafeína, como regula o apetite e até como dorme.

No caso da microbiota, o exame identifica as bactérias em desequilíbrio no intestino e orienta ajustes que melhoram a digestão, reduzem sintomas como inchaço, gases e fadiga, e podem contribuir com a saúde mental e o controle de peso. “Quando a microbiota está desequilibrada, o corpo pode responder de forma mais inflamatória aos alimentos, dificultando o emagrecimento mesmo com boa alimentação”, explica o médico.

Outro exame complementar que tem ganhado destaque é o teste de hipersensibilidade alimentar. Ele identifica reações imunológicas silenciosas que o corpo desenvolve contra certos alimentos, mesmo os considerados saudáveis. Essas reações, muitas vezes imperceptíveis, podem gerar inflamação crônica, prejudicar a digestão e impedir a perda de peso.

As estratégias baseadas nesses testes ainda não fazem parte do protocolo do SUS e têm custo variável, mas vêm sendo adotadas com frequência crescente em consultórios de nutrologia, endocrinologia e nutrição clínica. Não se tratam de soluções milagrosas, mas de ferramentas para entender com mais profundidade como o corpo funciona e como pode ser estimulado a responder melhor a mudanças no estilo de vida.

dieta do dna

Inflamações silenciosas atrapalham o emagrecimento.

Dieta personalizada

A empresária capixaba Viviane dos Santos, de 39 anos, já seguia uma alimentação restrita desde que foi diagnosticada com alergia ao glúten, ainda na juventude. Ela cortou pães, massas e outros alimentos à base de trigo, mas continuava a enfrentar sintomas como inchaço, mal-estar frequente e erupções recorrentes na pele, mesmo mantendo uma dieta considerada saudável. “Eu já tinha tirado muita coisa do meu prato, mas parecia que nada resolvia de fato”, lembra. A falta de explicações concretas para os sintomas levou Viviane a buscar alternativas mais individualizadas.

Os exames revelaram que alguns dos alimentos que faziam parte de sua dieta, como kiwi, batata, carne de frango, e até mesmo temperos como tomilho e orégano, estavam entre os principais desencadeadores de inflamações no seu organismo. “Tudo que eu comia achando que era saudável, na verdade estava inflamando meu corpo”, conta.

Com orientação médica, ela passou a seguir um plano alimentar personalizado, de acordo com as sensibilidades mapeadas nos exames. Os resultados foram rápidos: os sintomas diminuíram, as lesões na pele cicatrizaram e a energia voltou. “Pela primeira vez, senti que a dieta está funcionando de verdade, porque era feita pra mim. Sei que ainda tenho um longo caminho pela frente, mas cortar os alimentos críticos já fez muita diferença na minha rotina”, finaliza.

Para os experts da área, a principal vantagem é deixar para trás a lógica da tentativa e erro. “Ao entender o que está escrito no código genético, o perfil da microbiota e as reações do sistema imunológico a certos alimentos, conseguimos evitar frustrações com dietas ineficazes e propor intervenções mais adequadas, que respeitam o corpo de cada pessoa”, resume Dr. Danilo.

 

Danilo Nunes Almeida (CRM/ES 17592) é médico pós-graduado em Nutrologia pela ABRAN (Associação Brasileira de Nutrologia) e pós-graduando em Metabolômica pela Academia Brasileira de Medicina Funcional Integrativa. Atua com foco em emagrecimento, saúde hormonal, saúde intestinal e medicina de precisão.

Fundador da Clínica Versio, localizada em Vitória (ES), é especialista em transformar dados clínicos, como genética, microbiota e hipersensibilidades alimentares, em estratégias de tratamento personalizadas, com foco em resultados reais e sustentáveis.

 

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