Dólar entrando e bolsa em alta, veja análise de ‘head de câmbio’

Para Anilson Moretti, head de câmbio da HCI Invest:

Nas últimas semanas, o que temos observado é um movimento significativo de fluxo de dólares entrando na bolsa brasileira, impactando diretamente na desvalorização da moeda americana. Esse fluxo positivo de investimentos estrangeiros começou a se intensificar entre os dias 13 e 15 de janeiro, continuando até hoje, e tem sido um dos principais responsáveis pela recente valorização do mercado. O fluxo de dólares em direção à bolsa brasileira tem sido robusto, com mais de 10 milhões de dólares entrando no país.

Isso se reflete tanto em oportunidades no mercado de ações quanto em investimentos em renda fixa, uma vez que as altas taxas de juros no Brasil — que chegaram a superar os 15% ao ano no final de 2024 — continuam atraindo investidores estrangeiros em busca de melhores retornos. Essa movimentação positiva, aliada à atuação do Banco Central com leilões diretos, tem ajudado a conter pressões sobre o valor do dólar.

Dólar entrando e bolsa em alta, veja análise de 'head de câmbio'

Outro ponto relevante é o ajuste que o mercado está fazendo em relação aos meses de novembro e dezembro, quando o dólar chegou a superar a barreira dos 6 reais, devido a um conjunto de fatores externos e internos que pressionaram a moeda.

Agora, com a entrada de fluxo estrangeiro e a expectativa de continuidade desse movimento, o dólar tem apresentado um comportamento de ajuste, podendo alcançar valores ao redor de 5,82, ou até 5,81 até o final de março, caso o fluxo de capital estrangeiro permaneça forte. O patamar atual, portanto, reflete uma correção dos excessos de valorização do dólar observados no final do ano passado, com o mercado aguardando os próximos passos da política monetária e fiscal.

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No mercado de ações, o cenário tem sido mais contido. O índice de futuros iniciou a semana com uma queda moderada, refletindo a expectativa de novas novidades vindas do mercado dos Estados Unidos, mas o que se viu foi a ausência de grandes mudanças, levando o mercado a se estabilizar ao longo do dia. A queda do preço do petróleo tem afetado diretamente a performance das ações de grandes empresas, como a Petrobras, que exerce um peso significativo sobre o índice da bolsa.

Além disso, ações de frigoríficos também registraram quedas, e muitas outras empresas não apresentaram grandes movimentações, tornando o mercado sem uma direção clara. A falta de grandes notícias tanto no mercado interno quanto externo tem contribuído para uma falta de volatilidade, o que tem dificultado a manutenção de uma tendência de alta no curto prazo.

Em relação às taxas de juros, há uma pressão de alta nos contratos futuros, o que também não favorece o desempenho da bolsa. O mercado parece estar à espera de novidades em relação às taxas de juros e à política fiscal, especialmente no cenário internacional. Internamente, a questão fiscal continua sendo um tema relevante, com o mercado ainda sem grandes sinais de mudanças concretas, o que já foi amplamente descontado em dezembro.

Contudo, em janeiro, o mercado tem experimentado algumas altas seguidas, mas sem grandes variações, o que sugere que o índice deve fechar o dia de hoje sem grandes surpresas, próximo do zero a zero.

A expectativa para os próximos dias gira em torno das notícias corporativas, que podem gerar alguma movimentação no mercado, e, claro, das decisões relacionadas aos juros e à política econômica, tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos. Acompanhar esses desenvolvimentos será fundamental para entender a direção que o mercado poderá tomar nos próximos meses.

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