Em apenas sete horas, 40 mulheres entraram em contato na
segunda-feira (10), com o Ministério Público de Goiás (MP-GO) se identificando
como vítimas de abusos sexuais cometidos pelo médium João de Deus. Segundo os
promotores, 35 dos relatos foram feitos pelo e-mail criado exclusivamente para
as denúncias: denuncias@mpgo.mp.br.

O advogado Alberto Toron afirmou que seu cliente nega as
acusações e está à disposição da Justiça para esclarecimentos. Os depoimentos
das vítimas devem ocorrer até o fim da semana. O MP-GO iniciou uma força-tarefa
para investigar os casos. Inicialmente, quatro promotores de Justiça integravam
a operação. Agora são cinco promotores, além de duas psicólogas.

A promotora de Justiça Gabriela Manssur, de São Paulo, conta
que, depois que as denúncias foram exibidas no programa Conversa com Bial, da
Rede Globo, já foi procurada por mais de 200 mulheres que também fazem relatos
semelhantes. Os abusos sexuais teriam ocorrido desde a década de 80 até outubro
de 2017, na Casa Dom Inácio de Loyola, onde João de Deus atende em Abadiânia,
cidade goiana no Entorno do Distrito Federal.

 ???Por cautela, nós
devemos agir com o intuito de conseguir algo plausível. Estamos aguardando o
relato completo das vítimas para agir de forma célere, mas não atropelada.
Queremos acolher e dar respaldo às vítimas???, completou o promotor Luciano
Meireles. O MP-GO informou que já existiam denúncias contra João de Deus desde
2010. Em 2012, ele chegou a ser julgado por abuso sexual, mas foi inocentado
por falta de provas.

A Polícia Civil goiana também instaurou investigações. ???O
que é preciso é que, além das denúncias que foram feitas, dos boletins de
ocorrência, que a vítima também colabore durante os depoimentos, seja em outro
estado, seja vindo a Goiás???, afirmou a delegada Marcela Orçai, assessora de
imprensa da corporação.