O mais recente estudo conduzido pela startup Blend Edu, intitulado “Panorama das Estratégias de Diversidade no Brasil 2023 e tendências para 2024”, revelou dados promissores sobre o cenário da diversidade nas empresas brasileiras. Aplicada junto a 102 companhias, de diferentes portes e que possuem programas de diversidade, o levantamento identificou que há um contínuo avanço no percentual de companhias que afirmam possuir uma área específica e dedicada para a gestão da diversidade e inclusão. Em 2023, 72% declararam ter, enquanto o índice era de 71% e 64%, respectivamente nas edições de 2022 e 2020.
Outro dado importante coletado pela pesquisa é o fato de 83% das corporações destinarem recursos específicos para ações de D&I, um avanço de 16 pontos percentuais em relação à edição de 2020. Entre as PMEs com até 99 funcionários, houve um avanço expressivo: 85% delas informaram ter orçamento dedicado à temática, um salto de 18 pontos percentuais comparado à edição passada, quando 67% apontaram o mesmo cenário.
Para Thalita Gelenske, fundadora e CEO da Blend Edu, os dados apontam claramente que há uma tendência de manutenção no nível de estrutura interna e de aumento nos recursos alocados para que o programa e as estratégias de D&I continuem avançando nas organizações. “Os números sugerem uma consolidação no entendimento e engajamento do mercado corporativo em relação à iniciativa. Ou seja, hoje a gestão da diversidade se tornou realmente uma pauta mandatória e estratégica para boa parte das empresas, incluindo aquelas de pequeno porte”, completa.
Outros insights
Assim como foi observado nas edições anteriores, a nova pesquisa da Blend Edu constata que os cinco recortes sociais mais trabalhados pelos programas de diversidade do mercado corporativo continuam sendo: gênero (95%), raça (89%), comunidade LGBTQIA+ (87%), pessoas com deficiência (81%) e geração (46%). “Apesar de um percentual geral mais baixo, vale destacar que ao longo dos últimos três anos dobrou o número de empresas que afirmam endereçar formalmente a temática de diversidade geracional. Em 2020, o índice estava em 23%. Isso mostra que as corporações também estão olhando com atenção para esse pilar”, analisa Gelenske.
O levantamento constatou ainda que as organizações afirmam que o principal objetivo dos programas de D&I é a construção de uma cultura inclusiva junto aos colaboradores (71%). O dado, no entanto, teve uma ligeira redução em comparação com a última edição, cujo índice era 77%. Em paralelo, foi verificado um crescimento gradual na parcela de empresas que agora enfatizam como o principal objetivo a potencialização dos resultados do negócio. Esse número subiu de 10% em 2020 para 12% em 2022, alcançando 16% na pesquisa mais recente, tornando-se a segunda opção mais selecionada.
“Ainda que embrionário, é possível analisar que os resultados apontam para um entendimento mais profundo do impacto que as ações de D&I trazem aos negócios. Os dados mostram uma tendência de mais organizações reconhecendo que a diversidade não é apenas uma questão de responsabilidade social, mas uma força impulsionadora para o seu desempenho financeiro em si”, afirma a CEO da Blend Edu.
As ações de diversidade
Já entre as ações mais utilizadas entre os programas de D&I, o relatório aponta que a atração e recrutamento de talentos diversos voltaram a crescer nas organizações nesta edição de 2023, com 85% das respostas – o percentual era de 80% em 2020 e 75% em 2022. “Independentemente de oscilações, podemos entender que os esforços de atração e seleção seguem como iniciativas relevantes para ampliar representatividade nas companhias nacionais. O próprio Relatório sobre o Futuro do Trabalho de 2023, produzido pelo Fórum Econômico Mundial, que reúne informações de 803 empresas de todas as regiões do mundo, apontou que 2 das 16 práticas empresariais mais promissoras para aumentar a atração de talentos se relacionam diretamente ao pilar de Diversidade, Equidade e Inclusão. Ou seja, acreditamos que os esforços de atração de talentos de grupos minorizados seguirão aparecendo nos relatórios da nossa pesquisa pelos próximos anos”, avalia a especialista.
Além disso, a pesquisa observou que 88% das empresas afirmam realizar pesquisas de censo de diversidade junto aos colaboradores, um crescimento de 20% comparado a 2020. “Esse aumento contínuo reforça que o monitoramento de dados é fundamental para acompanhar os avanços tangíveis. Afinal, já não basta que empresas demonstrem um comprometimento apenas no discurso, mas por meio de ações práticas, dados, políticas, estrutura e processos. Com isso, no estudo, isso também tem se refletido em um maior investimento em estrutura interna e governança para a temática dentro das organizações brasileiras”, conclui Thalita Gelenske.
Metodologia da pesquisa
O estudo desenvolvido pela Blend Edu foi realizado a partir dos dados de inscrição das empresas para o Prêmio Diversidade Em Prática, que buscou mapear e reconhecer os cases mais inovadores do ambiente corporativo na área em 2023.