Um dos marcos do desenvolvimento motor dos bebês é engatinhar. Entretanto, muitos pequenos pulam essa fase direto para a etapa de aquisição da marcha. Por que será que isso acontece?

Segundo a fisioterapeuta Walkíria Brunetti, especialista em neurologia e em bebês prematuros, essa é uma preocupação muito comum dos pais. “Realmente, há crianças que pulam a fase do engatinhar. Mas, não existe nenhuma comprovação científica que isso traga prejuízos no desenvolvimento motor ou cognitivo”.

A especialista aponta que o desenvolvimento motor dos bebês segue uma ordem. “Para conseguir engatinhar, é importante que o bebê tenha passado pelas fases anteriores, de se sentar, rolar e ter controle dos movimentos da cabeça”.

“Em geral, os bebês começam a engatinhar por volta do oitavo mês de vida. Para conseguir esse movimento, o bebê precisa ficar de barriga para baixo, rolar e se sentar. É preciso ter uma boa estabilidade do tronco, bem como capacidade de alcançar objetos ao redor, realizando rotações de tronco”, explica Walkíria.

“O ato de engatinhar ajuda na aquisição da marcha. Muitos bebês engatinham até um móvel para conseguirem ficar em pé, com apoio, por exemplo”.

Quando se preocupar

Contudo, o mais importante, de acordo com Walkíria, não é engatinhar.

“Quando a criança já está na idade de engatinhar, os pais devem ficar atentos ao controle da cabeça e às capacidades de rolar e de se sentar. Essas são aquisições fundamentais para o desenvolvimento da marcha. Caso, aos 7 meses, o bebê não tenha adquirido essas habilidades, é preciso procurar um especialista”, reforça Walkíria.

Vale ressaltar, entretanto, que pular a fase de engatinhar direto para a de permanecer em pé com apoio ou ainda arrastar-se, não causa nenhum problema.

Pais podem estimular

Engatinhar é um ato saudável e deve ser encorajado antes do início da marcha. “É importante dizer que a motivação para o bebê para engatinhar é a vontade de explorar o ambiente, experimentar os movimentos do corpo, alcançar objetos. Por isso, muitos bebês podem começar se arrastando para depois ficar em quatro apoios”, diz Walkíria.

“Muitos bebês, ao invés de engatinhar, podem se arrastar de bruços ou sentados, ou ainda rolarem de um lado para o outro. Todos esses movimentos são perfeitamente normais. O que importa é que o bebê consiga coordenar os movimentos bilaterais, usando pernas e braços de forma equilibrada”, ressalta a especialista.

Dicas para estimular o bebê a engatinhar

  • Coloque objetos chamativos, coloridos e com sons, distantes do bebê. Isso irá incentivá-lo a alcançar esses brinquedos
  • Assim que o bebê conseguir pegá-los, coloque mais longe e assim por diante
  • Coloque um banquinho ou alguns livros, de maneira que fique um pouco mais alto que a altura do bebê sentado. Em seguida, coloque objetos em cima e incentive-o a alcançá-los. Esse exercício treina a estabilização dos quadris para que o bebê suporte seu peso nas duas pernas
  • Ainda com o bebê sentado, coloque objetos dos dois lados. Isso vai treinar a rotação do tronco, além do equilíbrio
  • Monte um espaço seguro, com tapetes emborrachados, por exemplo. Coloque o bebê de barriga para baixo para que ele se motive a fazer os movimentos para engatinhar ou se arrastar

“Um último recado para os pais é que o mais importante não é engatinhar. Como vimos, muitos bebês pulam essa fase e é normal. Contudo, aos 18 meses, é esperado que a criança já tenha aprendido a andar. Caso isso não aconteça, o ideal é procurar um neurologista pediátrico para uma avaliação”, encerra Walkíria.