Não é de hoje que inúmeras tentativas de golpe são aplicadas nos mais diversos ramos de atuação. O que mais temos visto são redes sociais clonadas, solicitação de transferência bancária e, até mesmo, o auxílio emergencial foi usado para tirar dinheiro das vítimas.

Porém, observa-se um crescimento considerável nesse número, sobretudo, pós-pandemia. Nesse período houve um aumento significativo no uso de celulares, redes sociais, compras online e buscas incansáveis por informações sobre direitos e tudo o que possa ajudar ou favorecer nesse momento difícil.

A área da advocacia é uma das que mais vêm sofrendo esses ataques. Estelionatários se passam por advogados e/ou funcionários de um determinado escritório, ou até mesmo do próprio Tribunal de Justiça de São Paulo – munidos de informações processuais – e por meio de cartas, e-mail, telefonemas e WhatsApp estão solicitando adiantamento de valores para que, supostamente, venha a ser feito o pagamento da ação judicial que aquela pessoa faz parte.

É possível, hoje, acompanhar de perto as movimentações processuais por meio das páginas dos Tribunais e embora esse acesso seja muito positivo, a título de segurança das partes envolvidas, inclusive, acreditamos que a facilidade e a transparência na disponibilização das informações processuais que são oferecidas às partes interessadas sejam a porta de entrada para esses crimes. Tal medida faz, também, com que as pessoas ajam sem orientações do advogado, movidas logicamente pelo interesse de ver resolvido processos que habitualmente tramitam no judiciário há vários anos, acabam confiando em informações pessoais verdadeiras, pois são abertas a todos pela própria publicidade dos atos processuais ofertadas pelo judiciário.

Assim, a mesma informação que facilitada o acompanhamento para as partes do processo, entrega de maneira muita fácil, elementos que são utilizados nos golpes e que acabam infelizmente passando total credibilidade aos criminosos.

Diariamente, recebemos em nosso escritório, diversas denúncias de tentativa de estelionato e que são de total relevância no auxílio ao combate a esses crimes.

Não se sabe o que causou o progresso dessas tentativas de golpe. Acreditamos que o desemprego e a falta de informação estejam contribuindo para que cada vez mais pessoas caiam nessas armadilhas. A população está atravessando um momento muito delicado e a necessidade financeira pode ser o gatilho para que os credores na esperança de receberem seus valores tomem atitudes precipitadas e desesperadas.

 

Seguem algumas orientações importantes:

– Os escritórios de advocacia jamais solicitam qualquer tipo de antecipação de valores, para fins de recebimento de crédito judicial;

– Quando receber qualquer tipo de mensagem ou ligação com este teor, antes de tudo, deve-se fazer contato com o escritório responsável pela ação e comunicar o ocorrido, através de meios próprios, sem jamais confiar em números de telefones repassados pelos próprios criminosos. Caso não tenha o número do escritório, localize os canais disponíveis principalmente nos sites dos escritórios;

– É de extrema importância anotar o número do telefone que gerou a ligação e tirar foto da tela (print) caso tenha sido via mensagem de texto ou e-mail. Tais medidas auxiliarão na hora de fazer o boletim de ocorrência e se possível, registrar o B.O. o quanto antes;

– Não acesse nenhum link enviado por número desconhecido nem forneça informações pessoais. Em caso de dúvidas, peça ajuda a um parente ou vizinho mais próximo;

– Em hipótese alguma, deposite ou transfira qualquer valor sem consultar o seu advogado(a).

Ainda, a Ordem dos Advogados de São Paulo, lançou uma campanha para instrução dos credores, onde convida os principais escritórios que possuem credores com precatórios a gravarem um vídeo de conscientização dessas ameaças. O objetivo é que essa informação juntamente com as orientações alcance o maior número de pessoas no país e principalmente no estado de São Paulo.

 

Carla Reis é assistente de marketing no escritório Aparecido Inácio e Pereira Advogados Associados. É formada em Administração de Recursos Humanos pela Universidade Nove de Julho e pós-graduanda em marketing pela FGV – Fundação Getúlio Vargas.