“O estilo e as características de carros europeus caros foram combinados ao preço de produção em massa americano”, diz o material divulgado pela Ford em abril de 1964, no Salão de Nova York. Era a apresentação do Mustang, esportivo que, enfim, chegará oficialmente ao Brasil na versão GT Premium.

A montadora americana abre o período de pré-venda, com valores certamente próximos dos R$ 310 mil cobrados pelo Chevrolet Camaro cupê, seu maior rival desde 1966.
O Mustang desembarca com motor V8 (466 cv de potência), sistema de conectividade com tela sensível ao toque, bancos de couro e câmbio automático com dez marchas. Bem diferente do modelo exibido em 1964, cujos destaques eram o painel acolchoado, os carpetes de nylon e o interior de vinil.
O modelo 2018 tem a parte frontal semelhante à do sedã Fusion. As demais linhas mantêm o apelo retrô que caracteriza o esportivo da Ford desde a geração lançada no Salão de Detroit 2004, ano de seu renascimento.
Os piores momentos do Mustang foram registrados nas décadas de 1980 e 1990, quando o desenho ficou tão comum quanto seus motores antigos. Um brasileiro poderia confundir o esportivo com um Corcel 2 ou Escort.Para a história do automóvel sobre a terra, a primeira geração é a que importa.
O Mustang idealizado por Lee Iacocca derivava do sedã Ford Falcon, mas era diminuto para o padrão vigente.
Os americanos viviam o auge da indústria automotiva, com carros que ultrapassavam os cinco metros de comprimento e consumiam galões de gasolina barata em poucos quilômetros.
Apesar do cenário pouco amigável para um veículo compacto, a Ford soube vender bem seu novo produto. A comparação com os esportivos europeus agradou ao público dos Estados Unidos, e mais de 600 mil unidades foram vendidas nos dois primeiros anos de produção.
O novo carro tornou-se legendário mundo afora, louvado em verso e prosa por Marcos Valle na música “Mustang Cor de Sangue” e por Wilson Pickett (1941-2006) em “Mustang Sally”, que voltou às paradas de sucesso nos anos 1990 graças ao filme “The Commitments”.
No cinema, o carro roubou a cena nas perseguições por São Francisco em “Bullitt” (1968) e na versão preparada do GT 500 em “60 segundos” (2000). O Mustang apelidado de Eleanor era o último a ser furtado na lista do ladrão de carros Randall Raines, interpretado por Nicolas Cage.
O modelo que chega agora ao Brasil não é carismático como o pioneiro nem sem graça como diversos antecessores. Seu maior trunfo é o peso do nome, associado a um cheque de seis dígitos. O baixo custo da produção em massa norte-americana não se aplica nesse caso.
Com informações UOL notícias