A pressão de Haddad sobre Shein deu resultado

A varejista de moda chinesa Shein anunciou uma parceria com dois mil fabricantes locais para fortalecer a indústria brasileira. Com isso, a empresa garante que irá ajudar a criar 100 mil postos de trabalho no Brasil em três anos. Também serão investidos 750 milhões de reais para fornecer tecnologia e treinamento aos produtores têxteis no país. O anúncio da companhia ocorreu após uma semana de tensão com o governo brasileiro.

Antes de uma reunião com o ministério da Fazenda, onde anunciou os planos, a varejista foi criticada pelo ministro Fernando Haddad, que pediu “isonomia” entre as varejistas e disse que está contra “um grupo que não gera um posto de trabalho no Brasil” e que concorre em condições “absolutamente vantajosas”.

A gigante do comércio eletrônico quer que, até o final de 2026, cerca de 85% de suas vendas no país sejam de fabricantes ou vendedores brasileiros. “A chave para nossa estratégia de crescimento é alavancar nossa escala global e excelência operacional para apoiar e contribuir para as economias e ecossistemas locais”, disse Marcelo Claure, chairman da Shein para a América Latina, em comunicado à imprensa. “Temos visto grande sucesso no Brasil desde o nosso lançamento em 2020 e, com a crescente demanda dos consumidores, vimos a oportunidade de localizar mais a nossa cadeia de fornecimento para beneficiar os consumidores, as pequenas empresas e a economia em geral”, complementa.

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A varejista afirma que o aporte inicial de 750 milhões de reais trará competitividade ao mercado brasileiro, permitindo aos produtores locais um melhor gerenciamento dos pedidos, com o intuito de reduzir o desperdício e o excesso de estoque, além de aumentar o potencial para as exportações do país. “Nosso objetivo é apoiar os fabricantes e fornecedores brasileiros para que possam aumentar seu alcance e crescimento no Brasil, bem como agir como um bloco de construção para futuras oportunidades globais”, ressalta Felipe Feistler, executivo-chefe da empresa no Brasil.

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Na última terça-feira, dia 18, Haddad disse em entrevista coletiva que a ideia de taxar a importação de produtos comprados por meio de e-commerces de origem asiática era para atribuir um caráter de isonomia para com as varejistas locais. “Ninguém está contra a concorrência. O que nós estamos contra é um grupo que não gera um posto de trabalho no Brasil concorrer em condições absolutamente vantajosas em relação a todos os outros portais de venda e ao comércio em geral”, disse ele. “Ainda em maio, nós vamos apresentar uma solução administrativa para corrigir essa distorção, contando inclusive com o apoio dos Correios, que é o caminho pelo qual essas encomendas chegam ao Brasil.”

 

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