O número de registros de inadimplentes subiu 2,2% em novembro contra o mês anterior, segundo dados dessazonalizados da Boa Vista, que abrangem todo território nacional. A variação foi mais expressiva em relação ao resultado observado um mês antes e o indicador aponta alta de 4,1% no trimestre móvel encerrado em novembro, contra o trimestre móvel imediatamente anterior, também na série livre dos efeitos sazonais.

Na série de dados originais foi verificado, novamente, forte avanço na comparação interanual, de 38,3%, e isso fez com que os resultados acumulados acelerassem. O aumento no número de registros passou de 17,6% para 18,9% no ano e de 16,7% para 18,4% em 12 meses.

“Esse foi o quinto avanço consecutivo do indicador na comparação mensal, e merecem ainda mais atenção as fortes variações que temos verificado em relação ao ano passado. O ritmo dessas variações também ganhou força. Dado que o indicador tem antecipado de perto o movimento da taxa de inadimplência das famílias, isso sugere que ela também ainda não atingiu seu pico. Além disso, o cenário que se desenha para 2023 é desafiador, tanto que as projeções de juros e inflação estão subindo, de modo que o número de registros, assim como a taxa de inadimplência, pode vir a subir mais antes de se estabilizar num patamar elevado”, avalia Flávio Calife, economista da Boa Vista.

Recuperação de Crédito do Consumidor
O Indicador de Recuperação de Crédito da Boa Vista andou na contramão: queda de 1,1% na comparação mensal, mas ele vinha de forte alta no mês anterior e encerrou o trimestre móvel com crescimento de 4,1%, de acordo com dados dessazonalizados. Em relação ao mês de novembro do ano passado o indicador segue com variação expressiva, elevação de 26,3%, o que também contribuiu para acelerar a alta nos resultados acumulados. No ano, o ritmo de crescimento passou de 12,8% para 13,9% entre os meses de outubro e novembro, enquanto no acumulado em 12 meses a alta atingiu 13,0%.

“Essa queda em novembro pode ter sido pontual, não só pelo aumento que observamos um mês antes, que foi significativo, como também pelo fato de que o número de registros continua em alta e as famílias continuam buscando alternativas para ficarem livres das restrições de crédito. Apesar da melhora em algumas variáveis econômicas importantes, que também contribuíram até aqui para uma melhora do indicador, sobretudo na análise de longo prazo, como o desemprego que está em queda, a inflação que está desacelerando e a renda que continua subindo em nível, o momento ainda é delicado ao consumidor e requer bastante cautela para que ele consiga se manter livre dessas restrições”, finaliza o economista da Boa Vista.

Metodologia
O indicador de registro de inadimplência é elaborado a partir da quantidade de novos registros de dívidas vencidas e não pagas informados à Boa Vista pelas empresas credoras. As séries têm como ano base a média de 2011 = 100 e passam por ajuste sazonal para avaliação da variação mensal. A partir de janeiro de 2014, houve atualização dos fatores sazonais e reelaboração das séries dessazonalizadas, utilizando o filtro sazonal X-12 ARIMA, disponibilizado pelo US Census Bureau.

O indicador de recuperação de crédito é elaborado a partir da quantidade de exclusões dos registros de dívidas vencidas e não pagas informados anteriormente à Boa Vista pelas empresas credoras. As séries têm como ano base a média de 2011 = 100 e passam por ajuste sazonal para avaliação da variação mensal. Em janeiro de 2014 houve atualização dos fatores sazonais e reelaboração das séries dessazonalizadas, utilizando o filtro sazonal X-12 ARIMA, disponibilizado pelo US Census Bureau.