A alta dos preços deixou de ser um tema relevante apenas para as famílias de classe mais baixa, em um cenário de inflação elevada. Os ajustes nas compras estão hoje na pauta de todas as camadas da população brasileira e causam mudanças de hábitos na hora das compras, que impactam no funcionamento das lojas.

 

A transformação na maneira de abastecer a despensa tem impactado as estratégias comerciais de redes de supermercado, que estão sempre buscando se adaptar. Segundo estudo realizado pela Fronte Pesquisa, em maio de 2022, 93% dos brasileiros estão deixando os produtos mais caros nas prateleiras. Os dados mostram que as adaptações ao novo contexto foram feitas por 89% das pessoas e em todas as camadas sociais. 73% das pessoas de classe mais alta mudaram algum costume na hora de montar o carrinho, 76% da classe média alta e 85% da classe média baixa também fizeram alguma mudança. O maior impacto foi nas classes de renda baixa, onde 90% mudaram a sua forma de consumo.

 

O “dia da compra” foi o hábito que mais sofreu mudanças. A pesquisa mostra que 41% das pessoas começaram a concentrar as compras nas primeiras semanas do mês, para aproveitar o salário. As duas primeiras semanas do mês são as preferidas por 62% dos entrevistados para fazer as compras de maior volume. Este é um exemplo de mudança que interfere no planejamento dos varejistas no segmento.

 

Esta concentração de compras no início do mês afeta operacionalmente o varejo, gerando um desafio grande para operar a loja, já que é preciso ter quadros maiores de funcionários em períodos específicos e também comercialmente na hora de organizar o estoque. Alguns produtos têm validade menor, por isso o planejamento de compra e o abastecimento se tornam mais críticos.

 

Apesar de algumas pessoas não saberem tecnicamente o que é inflação, já vimos que muitas são impactadas diretamente por ela.

 

Assim como os hábitos de compra, o consumo de alimentos também foi impactado: quase metade dos entrevistados afirmou que diminuiu o consumo de carne de boi e peixe para reduzir os custos. 65% das pessoas também estão escolhendo as marcas mais baratas nas prateleiras.

 

Na mesma pesquisa, as pessoas disseram que pararam de priorizar gastos com lazer e cuidados médicos. O terceiro setor está se transformando para se ajustar a esses novos hábitos, já que estamos há cerca de dois anos com a inflação em quase dois dígitos.