Para muitos casais, ter um filho é um sonho difícil de ser alcançado. São diversos fatores que podem afetar a fertilidade feminina e masculina, como idade acima dos 35 anos, doenças que atingem o aparelho reprodutor, problemas hormonais, obesidade e tabagismo. No entanto, há uma alternativa que pode ser uma grande aliada do casal nessas horas: o tratamento de reprodução assistida, realizado a partir da inseminação artificial (IA) ou fertilização in vitro (FIV). Mas, afinal, qual é a diferença entre esses procedimentos?

Inseminação artificial

A inseminação artificial, também conhecida como inseminação intrauterina (IIU), é um tratamento considerado de baixa complexidade, que apresenta uma taxa de gravidez de aproximadamente 18% por ciclo. De acordo com a ginecologista e especialista em reprodução humana Adriana de Góes, o procedimento é recomendado nos casos de alterações espermáticas leves, onde muitos espermatozóides não conseguem alcançar os óvulos. Então, são transferidos diretamente para a cavidade uterina durante o período fértil, aumentando as chances de gravidez.

“Caso não ocorra a gravidez após três processos de tratamento de inseminação intrauterina é porque existe algum outro fator não identificado pelos exames realizados e não devemos insistir. Nesse caso, indicamos a fertilização in vitro, que aumenta as chances de gravidez para cerca de 40%  ”, afirma.

Fertilização in vitro

A fertilização in vitro é uma técnica de alta complexidade, que envolve várias etapas clínicas e laboratoriais. É considerado o mais completo tratamento de reprodução assistida e apresenta uma taxa de sucesso em torno de 40%. A técnica é recomendada para uma série de problemas femininos ou masculinos que impossibilitam a fertilização natural, como laqueadura, vasectomia, endometriose com comprometimentos das tubas uterinas, alterações da qualidade seminal mais significativa, entre outras.

“Na inseminação, eu apenas transfiro o espermatozóide e ele, por si só, vai tentar encontrar o óvulo na tuba uterina. Na fertilização in vitro, eu vou transferir o embrião pronto. O que determina a fertilização in vitro é que o processo de encontro do espermatozóide com o óvulo acontece in vitro, no laboratório”, explica a doutora sobre o que diferencia os dois procedimentos.

Quando procurar um tratamento de reprodução assistida?

Para as mulheres acima de 35 anos, o recomendado é esperar no máximo 6 meses desde o início da tentativa de engravidar para procurar um especialista em reprodução assistida. Aquelas com idade inferior a 35 anos, e sem nenhum diagnóstico de doença que possa causar infertilidade, a recomendação é aguardar o período de 1 ano.

Para determinar qual o tratamento mais adequado ao paciente, é necessário realizar uma avaliação médica com um especialista em reprodução humana. A Dra. Adriana afirma que é importante investigar o casal e não apenas a mulher. “Existem os fatores masculinos e femininos. Se, por exemplo, a mulher tem 38 anos e está com dificuldade de engravidar não significa que é dela exatamente o problema da fertilidade. Pode coexistir também um fator masculino com uma alteração da qualidade seminal. É após essa investigação do casal que podemos definir o tratamento de inseminação ou fertilização”, conclui.

Sobre a Adriana de Góes 

Formada em medicina pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas, a Dra. Adriana de Góes é referência em reprodução humana e especialista em fertilização in vitro, inseminação artificial e trombofilias. Mestre em Ginecologia Obstetrícia e Doutora na área de Tocoginecologia, pela Unicamp, a profissional tem cursos e experiência internacional, inclusive na IVI Foundation and IVI Clinic, em Valência, na Espanha. Além disso, faz parte da Sociedade Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia, da Sociedade Americana de Imunologia da Reprodução e da Sociedade Americana e Europeia de Reprodução Assistida. É autora de quatro livros sobre o tema, com o mais recente, Infertilidade e Gravidez – tudo o que você precisa saber sobre reprodução humana assistida, tendo sido lançado em agosto deste ano.