José Serra terá 80 anos em 2022. Ou tenta ser candidato à presidência da República em 2018, ou seu sonho não irá se concretizar.
O tucano deu pitacos na “Agenda Brasil” do senador Renan Calheiros e é relator do projeto que flexibiliza a exploração do Pré-Sal, abrindo caminho para a Chevron, num claro sinal de que anda “namoradeiro” com caciques peemedebistas ??? com direito a vinho e mais um pouco ??? e com o capital estrangeiro.
O PMDB já se apresenta nas movimentações políticas e nas propagandas partidárias como candidato a protagonista do processo político no caso de o PT deixar o poder. E cutuca a inapetência tucana como alternativa.
José Serra quer ocupar esse vácuo porque o PMDB sofre com a falta de um nome nacional e de peso. A hipótese de impeachment poderia levá-lo a ser uma espécie de primeiro-ministro de um governo de transição liderado por Michel Temer e candidato natural do partido em 2018.
A provável saída do tucano deixa entrever que Geraldo Alckmin tomou conta do PSDB em São Paulo e que Andrea Matarazzo será atropelado por João Dória Jr nas prévias, como já foi no primeiro turno.
Alckmin tem margem de manobra para desfilar. Hoje é o tucano mais pimpão, na avenida. Se eleger Dória Jr. prefeito de São Paulo, o ex-prefeito de Pindamonhangaba terá os dois maiores orçamentos do país depois da União contra um Aécio Neves que mais aparece na Lava-Jato que nas tribunas do Senado.
Contra um Aécio Neves que perdeu Minas de modo vexatório para Dilma e o PT. Contra um Aécio que só tem a plutocracia para puxar pelo rabo. Uma plutocracia traiçoeira, que, ao ver Alckmin serelepe, na Sapucaí, dará um bico no mineiro, e abraçará de corpo e alma o paulista, na ala do Planalto.
No momento, para Aécio, a opção mais cristalina é a queda imediata de Dilma Rousseff pelas mãos do TSE. Em caso de cassação da chapa Dilma-Temer, novas eleições seriam convocadas e Aécio Neves o candidato do PSDB por conta do recall da última eleição. O projeto de Alckmin está em construção, mira 2018, não o imediato. Aécio Neves tem pressa. Não a toa, o senador mineiro tenta liderar o antipetismo nas ruas.
Ao governador de São Paulo não resta outro voo possível. Será candidato à presidência da República. Pelo PSDB. Ou pelo PSB. A ida de José Serra para o PMDB favoreceria Márcio França, vice-governador, PSB ??? neste cenário, ele será candidato natural ao Palácio dos Bandeirantes, mesmo com Alckmin no PSDB, porque não haveria um tucano capaz de fazer frente à escolha do atual governador em Sampa.
Em suma, a provável saída de José Serra para o PMDB prova que o ninho tucano está em chamas e espalha mais fumaça em um processo político cinzento e cheio de nitroglicerina. Difícil fazer previsões, apesar das possíveis especulações.
André Henrique – diretor de jornalismo da Rádio Comunicativa FM (Hortolândia)
Diretor executivo e editor do Portal Rede Popular
Sociólogo (UNESP) e Jornalista (MTB: 007364/SP)