Duas centenas de porcas de inox para prender parafusos, cinco sacos de cimento, além de argamassa, latas de massa corrida e jogos completos de azulejos e porcelanatos. Todos esses produtos podem ser encontrados em lojas de construção de Americana e… em um leilão de materiais com pregões online.
“As pessoas costumam associar a ideia de leilão apenas com tipos específicos de venda, como carros e imóveis, mas é como um processo de troca comum: há um vendedor e um comprador, independentemente do que está sendo intercambiado”, explica Flávio Santoro, diretor da leiloeira Sodré Santoro, uma das maiores do país.
Além de materiais, primordialmente da construção civil, a agência ainda possui pregões online para negociar processos judiciais e sucatas. Os modelos são idênticos: os produtos são colocados nas páginas com um preço inicial e, durante um período específico, os usuários cadastrados podem dar lances. Após o tempo estabelecido, quem deu o maior valor fica com o produto. “Os leilões de materiais são uns dos mais disputados”, revela Santoro.
Os materiais também possuem destinos diversos: alguns sacos de argamassa, por exemplo, são vendidos apenas para uso na indústria de reciclagem. Assim, apesar do leilão ser público, os interessados costumam ser de áreas específicas. Outros, mais complexos, incluem até a venda de equipamentos como empilhadeiras, elevadores, compactadores de solo, sopradores térmicos, rolos de fios e folhas de lâminas.
Os valores dos produtos mais próximos da construção comum também tendem a ser mais baixos do que o mercado comum: no final de junho, havia um lote de 20 sacos de argamassa para rejuntamento sendo vendido por R$ 190 no site da Sodré. Traduzindo em valores de mercado, cada saco está sendo comercializado por R$ 9,50, enquanto nas lojas comuns, o mesmo é encontrado por cerca de R$ 20 ??? ou seja: mais de 100% de diferença.
Os produtos foram enviados à leiloeira por causa de um processo judicial entre uma loja e um cliente de Cabreúva, no interior de São Paulo.
Outros lotes contêm mercadorias usadas, como uma porta de banheiro que era vendida até o final do mês passado no site da agência por R$ 50. Uma igual e nova custa quatro vezes mais. “?? uma alternativa razoável para quem precisa construir, mas não pode gastar muito. Algumas coisas são vendidas em ótimo estado, estão novas e valem menos. São produtos que não afetam a qualidade de uma construção”, diz o motorista Ricardo Harin, de Americana.