Há 200 anos, em 1817, a jovem austríaca Maria Leopoldina Carolina Josefa de Habsburgo-Lorena embarcava para o Brasil, após o matrimônio via procuração com D. Pedro I. A primeira princesa europeia a se casar no continente americano ficou conhecida no imaginário brasileiro como o vértice frágil do mais célebre triângulo amoroso da história. Sua biografia, no entanto, revela muito mais do que a esposa traída à luz do dia. Em D. Leopoldina ??? A história não contada: a mulher que arquitetou a Independência do Brasil (editora LeYa), o escritor e pesquisador Paulo Rezzutti relata suas reflexões, crenças e angústias para mostrar os lados pouco conhecidos de Leopoldina.
???Essa obra busca, mais que surpreender o leitor com documentação inédita, mostrar facetas quase desconhecidas sobre d. Leopoldina. Espero que, assim como eu, o leitor possa se surpreender com esta nova visão de uma estrangeira que abraçou o Brasil como seu país, os brasileiros como o seu povo e a Independência como a sua causa???, afirma Rezzutti. A documentação inédita e original a que o autor se refere inclui o diário da condessa Maria Ana von Kühnburg (1782-1824), nobre austríaca que acompanhou Leopoldina em sua viagem de Viena até o Rio de Janeiro. ?? imagem de paraíso que tinha do Brasil ao sair da Europa, sucedeu uma vida real hostil e cheia de obstáculos ??? do clima aos hábitos da Corte, passando pelo temperamento do próprio marido. A obra traz ainda imagens inéditas, entre as quais desenhos e pinturas da Hispanic Society of America, de Nova York, e imagens que integram o arquivo de Franz Josephn Frühbeck, hoje pertencente ao Instituto Moreira Salles. Leopoldina foi um elemento político importantíssimo para o Brasil e tornou-se uma das articuladoras do movimento que visava à permanência de d. Pedro no país. Mais do que isso, revelou-se uma estrategista do processo de Independência. Assim como outros documentos, o livro apresenta uma carta enviada ao seu secretário entre o final de 1821 e o início de 1822, evidenciando estar mais determinada pela Independência que seu marido: ???Fiquei admiradíssima quando vi, de repente, aparecer meu esposo, ontem à noite. Ele estava mais bem disposto para os brasileiros do que eu esperava ??? mas é necessário que algumas pessoas o influam mais, pois não está tão positivamente decidido quanto eu desejaria???, confessa. Após concluído o processo de Independência, aos poucos a vida no Brasil passou a ser sinônimo também de solidão, sacrifício e humilhações. Seu marido torna-se amante de Domitila de Castro, a quem intitula a marquesa de Santos. ???O meu esposo se interessa somente pela maldita bruxa e à outra [Leopoldina referia- se a si própria] pode acontecer o que quiser???, comenta em carta enviada a um de seus funcionários germânicos. Em dezembro de 1826 ??? quatro anos após se tornar imperatriz ??? D. Leopoldina morre, levando milhares de pessoas a seu enterro. Apesar de ser nome de escola de samba, ruas e estações, sua história ainda é pouco conhecida dos brasileiros. Sua figura complexa e carismática, sua vida intensa e breve, sua combinação de temores e coragem, força e fragilidade são nuances reveladas e descritas pelo escritor e pesquisador Paulo Rezzutti em D. Leopoldina ??? A história não contada: a mulher que arquitetou a Independência do Brasil.