Na semana marcada pela vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na eleição presidencial, o mercado financeiro mostrou tranquilidade. O dólar acumulou queda de 4,49%, e o Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo, a B3, subiu 3,16%. Na sexta-feira, 4, a moeda norte-americana recuou 1,24%, cotada a R$ 5,0622. Já o Ibovespa subiu 1,08%, aos 118.155 pontos.
Hoje, o mercado tem duas grandes dúvidas. Além do nome que será escolhido para comandar a economia no governo Lula, há uma incerteza em relação ao montante bilionário necessário para acomodar todas as promessas de campanha, como Auxílio Brasil de R$ 600, reajuste real para o salário mínimo (entre 1,3% e 1,4%) e reforço de programas sociais.
No cenário local, os investidores viram com bons olhos o processo de transição, que caminha para ser sem solavancos. No início da semana, o vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin (PSB), foi oficializado como o nome da campanha de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para coordenar a passagem de governo, o que foi lido como uma sinalização ao centro político do governo eleito.
Há outros pontos que ajudam a explicar essa semana mais positiva para os ativos brasileiros. O futuro governo Lula vai ter de negociar com um Congresso de perfil de centro-direita, o que dificulta alterações consideradas importantes pelo mercado financeiro, como da reforma trabalhista. Também terá um discurso mais amigável na política de meio ambiente.
“No curto prazo, isso corrige um pouco da gordura que o País tinha em alguns ativos, como é o caso do câmbio”, afirma Silvio Campos Neto, economista da consultoria Tendências. “Mas ainda é importante ter algum tipo de cautela por causa das indefinições em relação aos nomes da área econômica e também em como o novo governo vai lidar com os desafios fiscais.”