O tumor de mama é o câncer mais frequente entre as mulheres. É também a primeira causa de morte por câncer no Brasil e no mundo. Dados de países com alta renda demostram uma queda de mortalidade atribuída aos programas de rastreamento e terapias mais efetivas. Já no Brasil, não é observado essa queda, segundo a oncologista Susana Ramalho, do Grupo SOnHe – Oncologia e Hematologia e do CAISM/Unicamp. “No Brasil não notamos diminuição da mortalidade por câncer de mama. A dificuldade de acesso aos tratamentos e o diagnóstico tardio podem ser as causas. A mamografia é o único exame que, quando realizado rotineiramente pela mulher a partir dos 40 anos, na ausência de quaisquer sintomas nas mamas, diminui o risco de falecer por um câncer de mama”, afirma.
De acordo com a médica, grandes estudos realizados em mais de 500 mil mulheres, mostraram a redução da mortalidade entre 10% e 35% no grupo de mulheres que faziam mamografias regularmente comparada às que não faziam. “A ultrassonografia e a ressonância magnética podem complementar o rastreamento, especialmente em mulheres de alto risco ou com mamas densas”, explica Susana que é mestre em Oncologia Mamária e doutora em Oncologia Ginecológica pelo CAISM/Unicamp.
No Brasil, as sociedades médicas recomendam o rastreamento mamográfico anual para as mulheres entre 40 a 75 anos. “Temos uma proporção maior de diagnósticos em pacientes jovens do que em outros países, como Alemanha e Estados Unidos, com 41% de pacientes com diagnóstico de câncer de mama em idade inferior a 50 anos. Já o Ministério da Saúde indica a mamografia de rastreamento para mulheres de 50 a 69 anos sem sinais e sintomas de câncer de mama, a cada dois anos. A mamografia diagnóstica, diferente da mamografia de rastreamento, é indicada para avaliar lesões mamárias suspeitas e pode ser realizada em qualquer idade, inclusive em homens. A mamografia de rastreamento é para mulheres assintomáticas, já a mamografia diagnóstica é indicada quando há uma lesão mamária suspeita”, explica a oncologista.
Nenhum teste de rastreamento é perfeito e a mamografia não é exceção, afirma Dra Susana, que explica que fatores como a densidade mamária e a idade influenciam a efetividade da mamografia, dificultando a detecção dos tumores. “A mamografia de rastreamento é menos efetiva em mulheres mais jovens por possuírem mamas mais densas. Em torno de 25% dos cânceres de mama em mulheres entre 40-49 anos não são detectados pela mamografia. Em mulheres com lesões suspeitas e especialmente com nódulos palpáveis, a investigação rápida com avaliação, mamografia, ultrassonografia e, se indicado biopsia, são primordiais para um diagnóstico precoce”, indica.
Em que idade parar o rastreamento?
Como recomendação, a mamografia de rastreamento em mulheres com mais de 75 anos deveria ser interrompida. “Os benefícios do rastreamento mamográfico com diminuição de risco de morte nesta faixa etária não foi demonstrado em importantes estudos. A maioria dos tumores em mulheres idosas tem crescimento lento, podendo não afetar a expectativa de vida e, assim, não impactar na mortalidade. O recomendado, em casos selecionados, é uma avaliação individual, se possível de acordo com a saúde e doenças existentes que impactam na expectativa de vida de cada mulher”, afirma a oncologista.
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a expectativa de vida dos brasileiros vem aumentando e a das mulheres é 80,3 anos. “Temos, portanto, uma população cada vez mais idosa e com melhor expectativa de vida. Assim, o seguimento com mamografia de rastreamento deveria ser descontinuado em mulheres com expectativa de vida menor que 5 anos e avaliada individualmente em mulheres acima de 75 anos”, finaliza a especialista.
*Susana Ramalho é especialista em Oncologia Clínica pela Associação Médica Brasileira e Sociedade Brasileira de Oncologia. É mestre em Oncologia Mamária e doutora em Oncologia Ginecológica pelo CAISM/Unicamp. Susana também é preceptora dos residentes de Oncologia Clínica do CAISM/Unicamp. Susana faz parte do corpo clínico de oncologistas do Grupo SOnHe – Oncologia e Hematologia e atua no Radium – Instituto de Oncologia, no Hospital Santa Tereza e Santa Casa de Valinhos.
Sobre o Grupo SOnHe
O Grupo SOnHe – Oncologia e Hematologia é formado por oncologistas e hematologistas que fazem atendimento oncológico alinhado às recentes descobertas da ciência, com tratamento integral, humanizado e multidisciplinar no Hospital Santa Tereza, Radium Instituto de Oncologia e Madre Theodora, três importantes centros de tratamento de câncer em Campinas, e na Santa Casa de Valinhos. O Grupo oferece excelência no cuidado oncológico e na produção de conhecimento de forma ética, científica e humanitária, por meio de uma equipe inovadora e sempre comprometida com o ser humano. O SOnHe é formado por 11 especialistas sendo cinco deles com doutorado e três com mestrado. Fazem parte do Grupo os oncologistas André Deeke Sasse, David Pinheiro Cunha, Vinícius Correa da Conceição, Vivian Castro Antunes de Vasconcelos, Rafael Luís, Susana Ramalho, Leonardo Roberto da Silva, Higor Mantovani e Isabela de Lima Pinheiro e pelas hematologistas Sonia Iantas e Lorena Bedotti.
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