A Ipsos, em parceria com a Fine Research, realizou um estudo abrangente com os médicos para analisar as percepções sobre o futuro dos planos de saúde no Brasil. O levantamento contou com a participação de 60 médicos, cuja coleta de dados foi realizada em julho de 2024. Paralelamente, foram entrevistados 1.003 brasileiros com amostra representativa da população geral, em agosto de 2024, utilizando dados do Screener de Healthcare, uma pesquisa anual conduzida pela Ipsos.
O estudo mostrou que 75% do tempo dos médicos é dedicado ao atendimento de pacientes de planos de saúde, reforçando a importância desse modelo na prática clínica. No entanto, a satisfação com os convênios é baixa: apenas 18% dos médicos se declararam satisfeitos, enquanto 42% expressaram insatisfação. Esse descompasso entre a relevância dos convênios e a percepção dos serviços oferecidos evidencia a necessidade de melhorias no setor, tanto para profissionais quanto para pacientes.
Futuro incerto dos planos de saúde
O estudo aponta um cenário complexo para o futuro dos planos de saúde no Brasil. Embora a regulamentação e o uso de tecnologias sejam vistos como fundamentais para enfrentar obstáculos como altos custos e fraudes, a acessibilidade continua sendo uma grande preocupação. Entre os médicos entrevistados, 74% não acreditam que os planos de saúde se tornarão mais acessíveis — o equivalente a 3 em cada 4 profissionais. E outros 80% acreditam que o futuro dos planos de saúde é incerto e desafiador.
A tecnologia, como a telemedicina, é considerada uma ferramenta crucial para combater fraudes, no qual 78% acreditam que a tecnologia terá um papel fundamental na resolução de fraudes (que hoje é apontado como o maior problema dos planos de saúde).
Entre os principais desafios identificados estão os custos elevados, a complexidade regulatória e as fraudes, o que necessita uma regulamentação mais clara e eficaz para proporcionar melhores condições de atendimento.
Médicos desconfiam mais de planos de saúde do que da indústria farmacêutica
Metade dos profissionais não confia nos planos de saúde (50%) Em contraste, a confiança dos médicos na indústria farmacêutica supera tanto a média global (41%) quanto a média brasileira (50%). Os dados indicam que a indústria farmacêutica possui um “colchão reputacional” mais forte, enquanto os planos de saúde têm uma grande oportunidade de fortalecer sua confiança, principalmente entre os médicos.
Há também uma percepção divergente entre médicos e a população em geral sobre os planos de saúde. Enquanto os usuários apresentam uma visão mais neutra, os profissionais demonstram uma maior criticidade. A apuração indica que quase metade deles possuem uma opinião neutra ou negativa sobre os planos de saúde (47%). Essa percepção mais crítica pode ser explicada pela interação diária dos médicos com as dificuldades enfrentadas pelos pacientes nos planos de saúde, como burocracia, dificuldades em autorizar procedimentos e limitações de cobertura.
No levantamento, a maioria dos médicos entrevistados está localizada em São Paulo, que representou 65% da amostra, seguida por Porto Alegre (15%), Rio de Janeiro (10%), Salvador (8%) e Recife (2%). Em termos de especialidades, dermatologia, oncologia, hematologia, reumatologia e pneumologia tiveram participação igualitária, cada uma representando 20% dos entrevistados.
Confiança abalada
Há uma profunda insatisfação com os serviços oferecidos, apesar da ampla adesão aos planos de saúde. Um dos pontos mais preocupantes é a alta carga de trabalho dos médicos com pacientes de planos de saúde. 75% do tempo dos médicos é dedicado a atender pacientes de planos, mas a satisfação com esses atendimentos é baixa, com apenas 18% dos médicos se declarando satisfeitos. Essa insatisfação é atribuída a diversos fatores, como a burocracia excessiva, a dificuldade em autorizar procedimentos e as limitações de cobertura.
Além da insatisfação com a situação atual, os médicos demonstram um profundo ceticismo em relação ao futuro dos planos de saúde. 53% dos médicos acreditam que o futuro do setor é incerto e desafiador. Essa percepção negativa é influenciada pela crescente complexidade do setor, as constantes mudanças na legislação e a crescente demanda por serviços de saúde.
A baixa confiança nos planos de saúde pode ter consequências significativas para o setor. A insatisfação dos médicos pode impactar diretamente a qualidade do atendimento aos pacientes, levando a um ciclo vicioso de insatisfação e deterioração dos serviços. Além disso, a dificuldade em gerar confiança pode prejudicar a imagem do setor e dificultar a atração de novos clientes.
Outro dado revelado pela pesquisa é a diferença de confiança entre os médicos em relação aos planos de saúde e à indústria farmacêutica. Enquanto a indústria farmacêutica goza de maior confiança, tanto entre médicos quanto entre a população em geral, os planos de saúde enfrentam um cenário mais desafiador. Metade dos médicos (50%) não confia nos convênios, um índice significativamente mais alto do que a desconfiança em relação à indústria farmacêutica.
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O estudo da Ipsos destaca não apenas a necessidade de ajustes no setor de planos de saúde, mas também uma oportunidade para que operadoras invistam em melhorias que beneficiem tanto os profissionais quanto os pacientes, garantindo a sustentabilidade do sistema de saúde brasileiro.
Sobre a Ipsos
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