Novas opções de tratamento da endometriose chegam ao SUS

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O Ministério da Saúde anunciou a incorporação de duas novas opções de tratamento hormonal para a endometriose no Sistema Único de Saúde (SUS), uma medida que promete melhorar a qualidade de vida de milhões de mulheres que convivem com a doença. No Brasil, estima-se que 7 milhões de mulheres sofram com a endometriose.

A doença é uma condição crônica e inflamatória que afeta uma parcela significativa da população feminina. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a doença atinge aproximadamente 190 milhões de mulheres e meninas em idade reprodutiva em todo o planeta, o que corresponde a 10% dessa população.

A professora de ginecologia da Afya Faculdade de Medicina de Itajubá, Dra Júlia Reis, explica que as novas terapias, o dispositivo intrauterino (DIU) liberador de levonorgestrel e o medicamento oral desogestrel, visam controlar a progressão da doença e aliviar os sintomas debilitantes associados a ela. “O DIU liberador de levonorgestrel atua localmente no útero, liberando um hormônio que reduz o espessamento do endométrio, diminui o fluxo menstrual e alivia a dor, além de ajudar a controlar os focos da doença. Já o desogestrel, um progestagênio de uso oral, age de forma sistêmica, inibindo a ovulação e suprimindo o ciclo menstrual, o que contribui para a redução da dor pélvica, das cólicas e do sangramento intenso”. 

A incorporação das novas terapias ocorre em um contexto de crescente demanda por cuidados relacionados à endometriose no Brasil. O Sistema Único de Saúde (SUS) tem registrado um aumento expressivo nos atendimentos na atenção primária voltados ao diagnóstico da doença. Somente entre 2023 e 2024, foram realizados mais de 260 mil atendimentos e 85,5 mil internações relacionadas à endometriose, evidenciando a urgência em ampliar o acesso a tratamentos eficazes e atualizados no âmbito do SUS. 

“Os tratamentos para endometriose são diversos. Em geral, começa-se com medicamentos hormonais orais, como desogestrel, dienogeste ou pílula combinada contínua, com o objetivo de interromper a menstruação e aliviar os sintomas. O DIU com levonorgestrel (Mirena) e o implante subcutâneo (Implanon) também são opções eficazes. Em alguns casos, usam-se medicamentos injetáveis. A cirurgia é indicada apenas quando o tratamento clínico não traz resultados ou em casos mais graves”, ressalta a especialista da Afya Itajubá. 

Diagnóstico e sintomas

Para a ginecologista, o diagnóstico da endometriose pode ser feito por exames de imagem, como o ultrassom transvaginal com preparo intestinal, diferente do ultrassom convencional, este permite uma melhor visualização dos focos da doença. No entanto, por ser um exame mais especializado e nem sempre disponível, muitas vezes recorre-se à ressonância magnética da pelve, que também oferece boa precisão. Em casos em que os exames de imagem não são conclusivos, pode ser indicada a laparoscopia, um procedimento cirúrgico minimamente invasivo que permite a visualização direta da cavidade abdominal. 

“A demora no diagnóstico ocorre, em grande parte, porque os sintomas, como cólicas intensas, dor durante a relação e fluxo menstrual excessivo, costumam ser normalizados tanto pelas pacientes quanto pelos profissionais de saúde. Muitas vezes, esses sinais são interpretados como parte do “normal” da menstruação, especialmente quando há histórico familiar semelhante, o que atrasa a investigação adequada. Além disso, o acesso limitado a exames mais específicos também contribui para que a doença leve anos para ser identificada”, conclui a médica. 

 

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