Fundo do Nubank era popular

O fundo Nu Reserva Imediata, fundo de renda fixa que o Nubank indica para reserva de emergência, se popularizou entre os investidores iniciantes brasileiros, principalmente depois que o banco digital começou a adotar as chamadas “caixinhas”. Neste início de ano, o fundo completou um ano com 1,2 milhão de investidores, ostentando o título de maior do Brasil em número de cotistas e ultrapassando os tradicionais fundos colossais de bancões como Caixa, Itaú e Banco do Brasil.

Na sexta-feira (13/1), na esteira do impacto da divulgação de inconsistências contábeis de R$ 20 bilhões no balanço financeiro da Americanas, o fundo de renda fixa do Nubank, que até então vinha registrando ganho equivalente a 109% do CDI (taxa de referência para aplicações de risco baixíssimo), apresentou rentabilidade negativa.

Mas o fundo, que vem entregando uma rentabilidade histórica superior ao CDI, deu um susto nos seus investidores menos experientes na última semana, apresentando um retorno de curto prazo negativo. Agora, no acumulado do mês/ano de 2023, até o fechamento do mercado em 13 de janeiro, o Nu Reserva Imediata apresenta perda de 0,26%.

Ora, mas retorno negativo em um fundo de renda fixa de baixo risco? E para reserva de emergência, ainda por cima?

Sim, pois o fundo Nu Reserva Imediata pode investir até 50% da sua carteira em títulos de crédito privado, isto é, emitidos por bancos e empresas.

Além de esses títulos não terem risco de calote tão baixo quanto os títulos públicos – se a empresa emissora não pagar o que deve, o fundo pode ficar a ver navios -, eles também podem oscilar para cima ou para baixo de acordo com o movimento das taxas de juros e a oferta e demanda do mercado.

De acordo com o material de divulgação do Nu Reserva Imediata datado de novembro de 2022, a carteira do fundo do Nubank tinha, então, 31% de títulos corporativos (debêntures, CRIs e FIDCs de alta qualidade) e 11% de títulos bancários (CDBs e letras financeiras emitidos por bancos). O restante está alocado em títulos públicos e notas compromissadas, estes sim ativos de baixíssimo risco.

Na última semana, veio a público a descoberta, pelo comando das Americanas (AMER3), de um rombo inicialmente projetado em R$ 20 bilhões no balanço da varejista, mas que já se estima que possa aumentar a dívida da empresa em R$ 40 bilhões.

A inconsistência detectada nas demonstrações financeiras da companhia derrubou suas ações na bolsa e também elevou substancialmente o risco dos seus títulos de dívida. Isso porque, com uma dívida muito maior, a Americanas pode ter dificuldade de pagar suas obrigações futuras.

Na última sexta-feira (13), a empresa conseguiu impedir o bloqueio aos seus bens na Justiça, e a possibilidade de uma recuperação judicial não é descartada. Ou seja, credores como os detentores dos títulos de dívida da empresa podem ficar sem receber, receber menos do que o inicialmente esperado ou demorar mais para receber sua remuneração pelo empréstimo.

Pelo menos até setembro de 2022 – data do último dado aberto ao público – a carteira do fundo Master do Nu Reserva Imediata (fundo no qual investe o fundo oferecido para os clientes do Nubank) continha duas debêntures da Americanas, LAMEA7 e LAMEA4.

Americanas fecha no centro de Santa Bárbara

A Americanas precisará reestruturar seu negócio ao mesmo tempo em que deverá entrar em recuperação judicial, avaliam analistas. A empresa divulgou comunicado ao mercado na 4ª feira (11.jan.2023) informando inconsistências em lançamentos contábeis de cerca de R$ 20 bilhões. Na 6ª feira (12.jan), declarou o montante de R$ 40 bilhões em dívidas. Para Pedro Paulo Silveira, diretor de Gestão de Recursos da Nova Futura Investimentos, a empresa terá de fazer recomposição de governança interna. Segundo o analista, também será necessário mudança na supervisão da direção da Americanas.

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