Crise entre pastores homofóbicos e anti e parada gay

Durante culto, pastor Hermes Carvalho Fernandes condena atitudes de preconceito de cristãos contra a comunidade LGBTQIA+: “Sabe qual é o espinho na carne de um homossexual? A homofobia.

Marcha Trans ocupa ruas centrais de São Paulo

Esse mundo tá cheio de mensageiros de satanás, como André Valadão e Silas Malafaia. Nós temos que dar nomes aos bois porque se não o mundo pensa que a gente é tudo farinha do mesmo saco.

Parada. Pastor critica Malafaia e André Valadão homofóbicos

Aqui tem pessoas que preferiu abraçar o evangelho do amor e não condenar. Alguém vai tirar a vida por causa desses pastores. Pais vão colocar seus filhos para fora de casa por causa desses mensageiros de satanás”. #ParadaSP

 

Literatura de cordel é instrumento para falar de diversidade LGBTQIAP+ na adolescência

Os anos de vivência em sala de aula renderam à pedagoga Zenilda Vilarins Cardozo uma percepção aguçada sobre situações de preconceito de gênero e sexualidade entre crianças e jovens. O que não imaginava era que o próprio sobrinho poderia viver algo semelhante; Guilherme sofreu intensos ataques homofóbicos na escola, mas com o apoio da mãe e da tia, ele conseguiu passar por uma das fases mais difíceis de sua vida.

Marcha Trans ocupa ruas centrais de SP

A experiência de Guilherme e outros jovens que sofrem por não serem aceitos socialmente inspiraram a criação de Meu menino colorido, terceiro livro publicado pela autora. Agora Zenilda espera que a materialização da história do sobrinho, hoje adulto, possa ajudar outros jovens que passam pela mesma situação.

No enredo, voltado principalmente ao público pré-adolescente, Zenilda destaca os conflitos internos de um garoto ao se descobrir diferente de outros moradores do Planeta das Caixinhas. Feito de diversas cores, o protagonista sente não pertencer àquele lugar – que separa pessoas em caixas de cores únicas. O preconceito leva-o a pensar em desistir de tudo, mas antes disso é salvo pelo amor da mãe.

Achou que não tinha direitos
Pensou até que tinha defeitos
Sentiu-se no fim da linha…
Chorou deitado em seu leito
Num sonho de ser aceito
Do jeito que lhe convinha.
(Meu menino colorido, p. 13)

Inspirada na literatura de cordel, Zenilda escreveu o enredo em rimas que conferem ritmo à leitura; as páginas com cores vivas remetem à bandeira LGBTQIAP+ e trazem fotos do Menino Colorido em diversas situações: parado em frente ao espelho, no meio de um campo de girassóis e até dentro de um abraço aconchegante. Um boneco de pano foi confeccionado à mão especialmente para compor as fotos da obra.

Para a autora, a estrutura escolar deve acolher os adolescentes com mais debates sobre diversidade e a intensificação do combate ao preconceito. Por isso, ela faz da literatura um meio de promover reflexões sobre o olhar destinado a estes jovens, assim como ressalta a importância do apoio dentro dos lares e nas escolas.

FICHA TÉCNICA
Título: Meu menino colorido
Autora: Zenilda Vilarins Cardozo
Editora: LC Editorial
ISBN/ASIN: 978-65-5872-397-4
Formato: 23 x 23 cm
Páginas: 24
Preço: R$ 40,00
Onde encontrar: Diretamente com a autora aqui.

 

Como os deuses brasileiros e o primeiro povo das Américas explicam a história da homossexualidade?

“A Banda Sagrada de Tebas” é uma ficção que reúne duas décadas de pesquisa de Thiago Teodoro sobre as relações entre mitologia e diversidade sexual

Milhares de anos antes da homofobia existir, os povos originários do Brasil cultuavam deuses com características associadas à homossexualidade. No livro A Banda Sagrada de Tebas, o jornalista, pesquisador e músico Thiago Teodoro apresenta teses sobre como Anhangá, o protetor da floresta que assumia a forma de um veado branco, e Acauã, divindade defensora das mulheres, eram homossexuais.

Os indígenas contam sobre uma deusa que tinha asas maravilhosamente coloridas. Embora fosse uma mulher ou um tipo de fada, ela podia transformar-se em uma ave. Era Acauã, a divindade que protegia e empoderava as mulheres, levando-as para si quando havia interesse mútuo. Assim como Diana, Acauã era uma entidade lésbica que corria pelas florestas — nas florestas protegidas por Anhangá. (A Banda Sagrada de Tebas, pg. 104)

Para conversar com o público jovem sobre a importância da comunidade LGBTQIA+ na mitologia, ele condensa, na ficção, duas décadas de pesquisas in loco, documentais e em instituições relacionadas ao tema. No enredo, Martim Vieira é um sacerdote integrante da Banda Sagrada de Tebas, um famoso grupo musical cujo nome faz referência ao batalhão homônimo composto por casais gays que venceram Esparta na Batalha de Leuctra há 2.500 anos.

Nascido na cidade mineira de Pedro Leopoldo – terra do Povo de Luzia, os brasileiros anteriores aos indígenas –, o protagonista dialoga sobre história, ciência e mitologia, enquanto conta a trajetória de sua banda. De acordo com o personagem, que representa a visão pessoal do autor, os deuses dos indígenas teriam sido herdados dessa antiga população.

O escritor, porém, não se restringe ao Brasil para tratar sobre a homossexualidade. Pã, Apolo, Dioniso e Zeus são algumas das divindades que aparecem na obra e estão relacionadas com Anhangá e Acauã. Ele também detalha a trajetória de Antínoo, parceiro amoroso do imperador romano Adriano, que tornou o companheiro um símbolo divino após sua morte. Inclusive, o livro apresenta conteúdos práticos e imersivos sobre a religião do deus gay Antínoo (no Brasil, o Anhangá) e contém QR codes para os leitores escutarem músicas temáticas produzidas por Thiago Teodoro exclusivamente para este romance.

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