A saída dos médicos cubanos do Programa “Mais Médicos”, que afeta o atendimento aos 3,2 milhões de moradores da Região Metropolitana de Campinas (RMC), foi pauta de reunião extraordinária do Conselho de Desenvolvimento da RMC, com a presença de prefeitos e representantes de oito cidades, nesta quarta-feira, 22, na sede da Agemcamp (Agência Metropolitana de Campinas).
Preocupados com os reflexos da decisão repentina, o Conselho elaborou uma moção de apelo ao governo federal, Ministério da Saúde e ao Gabinete de Transição Presidencial, para que assumam as responsabilidades com a população. O documento solicita providências imediatas para a reposição dos profissionais e pede comunicação oficial sobre o fato.
Presidente do Conselho, o prefeito de Nova Odessa, Benjamim Bill Vieira de Souza, classificou o déficit de profissionais como um “evento trágico” que, “além de desempregar milhares de profissionais que foram fundamentais ao serviço de saúde no Brasil, coloca outras milhares de pessoas em risco de vida”.
Nova Odessa contava com oito médicas cubanas atuando nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs). Todas as consultas agendadas foram canceladas e está sendo feito uma reprogramação dessas consultas. As médicas cubanas atendiam, cada uma, uma média de 160 pacientes por semana. Juntas, 1.280 pacientes por semana. “Um número exorbitante para uma cidade pequena como Nova Odessa”, frisou Bill.
Bill ainda fez questão de ressaltar que sempre foi a favor do programa federal. “Só tenho que agradecer a todas vocês. Na vida, a gente não tem tudo o que quer. Se fosse assim, ela não teria graça. Vocês são profissionais que trabalham a humanização. Não pensam só no paciente, mas na família como um todo. Nos últimos dias, ouvimos alguns comentários maldosos e fantasiosos sobre os médicos cubanos e quero deixar bem claro que não compactuo desses pensamentos. Nova Odessa só tem que agradecer”, disse o prefeito.
“Hortolândia contava com 26 profissionais do Programa Mais Médicos, sendo que 18 são cubanos e encerraram o contrato de trabalho nesta semana. São 800 consultas desmarcadas só nesta quinta-feira. A nossa população não pode pagar esse preço”, afirmou o prefeito ??ngelo Perugini.
“A saída dos médicos cubanos está sendo imediata e a falta de profissionais já é sentida nos municípios. Nossa região é importante para o Estado de São Paulo e para o Brasil e, neste sentido, encaminharemos a carta de apelo para que os postos de trabalho possam ser preenchidos o mais breve possível para que a população não seja prejudicada”, disse o prefeito de Monte Mor, Thiago Assis. Segundo o secretário de Saúde de Cosmópolis, Silvio Baccarin, havia sete médicas de Cuba que vão “fazer muita falta”. “Sem dúvida, é uma tragédia que não sei se vamos conseguir reverter sem prejuízo à população”, destacou.
Presentes na reunião, os representantes das cidades de Americana, Sumaré, Pedreira e Indaiatuba também foram favoráveis à tomada de medidas emergenciais. “A moção de apelo revela ao Governo Federal nossa insatisfação perante a forma como fomos tratados”, disse o secretário de Governo, Pedro Maciel, de Sumaré.
O Programa “Mais Médicos” foi implantado pelo Governo Federal em julho de 2013, que tinha como objetivo suprir a carência de médicos nos municípios do interior e nas periferias das grandes cidades do Brasil. Foi firmado um acordo entre Brasil OPAS (Organização Pan Americana de Saúde) para viabilizar a mobilização de médicos estrangeiros, entre eles, cubanos para atuar no Sistema ??nico de Saúde brasileiro.