Uma propaganda Bolsomilei faz alerta aos argentinos

ao fundir as imagens do ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro e o 1o colocado nas pesquisas do país o ultradireitista Javier Milei.

“No Brasil, esse homem se elegeu e foi um pesadelo”

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Argentina, mais uma vez em crise, vai às urnas

da DWBrasil- Os eleitores da Argentina vão às urnas neste domingo (22/10) para o primeiro turno das eleições presidenciais, num pleito que tem como pano de fundo a crise econômica crônica do país, o enfraquecimento dos principais grupos políticos que lideraram o governo nas últimas duas décadas e a ascensão nas pesquisas de um populista que se pinta como um “anarcocapitalista” e que vem monopolizando as atenções e provocando o temor de uma ruptura radical no país.

Propaganda funde Bolsomilei e alerta argentinos

A degradação econômica também levou o atual presidente, o impopular Alberto Fernández, de centro-esquerda, a decidir não concorrer à reeleição. Outra notável ausência nas cédulas é a da atual vice-presidente Cristina Kirchner, que vem se mantendo discreta na campanha, após sofrer uma condenação por corrupção no ano passado.

Nesse cenário de economia em frangalhos e ausência de grandes nomes governistas, a disputa se afunilou nos últimos meses entre três nomes: Sergio Massa, atual ministro da economia que carrega tanto a bandeira de uma continuidade do peronismo quanto o fardo da má situação econômica; Patricia Bullrich, candidata do macrismo, que se coloca como figura conservadora linha-dura mas que também enfrenta dificuldades pelos maus resultados da economia sob o ex-presidente Mauricio Macri (2015-2019); e finalmente Javier Milei, o outsider de ultradireita que se tornou um fenômeno eleitoral ao criticar agressivamente os tradicionais grupos políticos do país e defender propostas radicais como a dolarização da Argentina e a extinção do Banco Central.

A interminável crise argentina

Em crise perpétua há décadas, a Argentina chega ao pleito de domingo em um cenário econômico ainda mais degradado, que levou o atual presidente Fernández a desistir de concorrer à reeleição.

O dólar disparou nas últimas semanas, reforçando a agonia do peso argentino. Já a inflação anual na Argentina subiu para 138% em setembro. Hoje, na América do Sul, a inflação argentina só é superada pela da Venezuela, que vive uma crise humanitária.

Os argentinos também estão lutando para sobreviver, com cerca de 40% da população vivendo na pobreza. Os preços subiram 12,7% somente em setembro, de acordo com o instituto de estatísticas do país.

“É uma economia que está em tratamento intensivo”, disse Miguel Kiguel, ex-subsecretário de Finanças do Ministério da Economia na década de 1990, à agência Reuters.

A previsão é que o PIB também sofra uma retração de 2,8% em 2023, de acordo com o Banco Central do país.

Analistas apontam que o próximo presidente terá dificuldades para encontrar uma solução rápida para os atuais problemas, que tem raízes em décadas de má administração governamental. Nas últimas oito décadas, o país experimentou apenas quinze anos de inflação abaixo de dois dígitos. Problemas como inflação, custos de produção, falta de investimento, déficit público, precarização do emprego e endividamento externo se tornaram crônicos.