?? possível imaginar que até o início do século XX, o voto, na quase totalidade dos países, era um direito exclusivo dos homens ??? especialmente de homens ricos? Apenas entre 1890 e 1994, as mulheres da maioria dos Estados adquiriram o direito de votar e se candidatar a um cargo público. Ainda assim, tempo e espaço são duas varáveis que diferem muito quando tratamos dessa conquista: o que em 1906 foi uma grande vitória para as finlandesas aconteceu na África do Sul somente em 1993 e na Arábia Saudita em 2011.
E aqui no Brasil, nós mulheres nunca desistimos de batalhar por nossos direitos e pleitear nosso espaço na construção da cidadania. O direito de votar, de escolher nossos representantes, apenas nos foi concedido em 1932, o voto foi permitido às mulheres casadas, somente com autorização do marido, e às mulheres viúvas e solteiras, mediante comprovação de renda. Já em 1946, a obrigação do voto foi estendida à ambos sexos. O Estado do Rio Grande do Norte, foi o primeiro Estado brasileiro, a conceder o direito de votar às mulheres. Tivemos a primeira prefeita da América Latina, em Lages do Cabugi, por nome de Alzira Soriano. Tivemos a primeira eleitora do Brasil, em Mossoró, por nome de Celina Guimarães.
Segundo o IBGE, de um total de 192 países, o Brasil ocupa a 152ª posição no ranking de representatividade feminina na Câmara dos Deputados, ficando atrás de países como Senegal, Etiópia e Equador. Por aqui, as mulheres compõem apenas 10,5% do conjunto de deputados federais. A pesquisa revela o quão distante o país está do cenário ideal em que o número de mulheres parlamentares será proporcional ao número de mulheres na população.
O poder sobre as decisões públicas, que deveria ser amplo e irrestrito, representativo e proporcional a toda a população, ainda é marcado por gênero, raça e classe, o que abala a representatividade das instituições políticas e resulta em pouca sensibilidade no mundo político diante desses tópicos.
Levando em consideração uma sociedade como a nossa, construída sob a égide do machismo, do patriarcalismo, na qual o homem sempre ocupou o espaço público e a mulher, o privado. Temos que vibrar com o crescimento da participação, mesmo que ainda tímida, e da presença cada vez maior de candidatas, que se faz fundamental para o fortalecimento da democracia. Afinal, a representatividade feminina é extremamente necessária quando pensamos nas lutas pelos direitos das mulheres em um contexto no qual, como se sabe, ainda há muito preconceito, exclusão e violência.
Ao apontarmos que dentre os eleitores no Brasil as mulheres são maioria (pouco mais de 51,7% do total, segundo o governo federal), certamente este é um aspecto explorado pelos candidatos (ou candidatas) na tentativa de arregimentar esse voto feminino. Mais do que isso, é um indício de que há a necessidade de atenção para essa parcela considerável da população, ainda mais em se tratando de uma sociedade que busca se fortalecer enquanto democracia. Esta, por usa vez, já há algum tempo vem se consolidando, e uma participação maior das mulheres vai ao encontro disso.
Na década de 70 do século passado, as mulheres representavam 35% do eleitorado, ultrapassando a marca dos 50% no ano de 2006, quebrando a hegemonia do eleitorado. E a questão agora é: esse aumento na participação do voto pelas mulheres é a confirmação de que nós estamos conquistando nosso merecido espaço? Podemos dizer que sim, embora os desafios encontrados pelas mulheres tanto na política quanto na sociedade de modo geral (e um bom exemplo são as dificuldades no mercado de trabalho) ainda são consideráveis. No entanto, é preciso considerar que, por conta das chamadas cotas, fruto de políticas afirmativas para ampliar a participação feminina, os partidos são obrigados a reservar uma participação de, no mínimo, 30% para cada sexo. Isso nos resguarda o direito de representatividade política e o exercício de nossos direitos e deveres enquanto cidadãs.
No entanto, as diferenças comportamentais entre homens e mulheres no exercício de funções estratégicas, hierarquias corporativas e cargos políticos trata-se de algo bastante relativo, pois na verdade um bom governante é aquele que tem compromisso com a democracia, honestidade, integridade, ética e com a coletividade, independente de qual seja o sexo, homem ou mulher, desde que nos represente e faça valer os direitos do cidadão (homem e mulher) com ética e seriedade.
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