O jornalista Renato Silva, criador da mídia cívica Varal de Notícias em Nova Odessa, falou ao Novo Momento sobre os 22 dias em que esteve preso em regime semiaberto no CR (Centro de Ressocialização) de Sumaré cumprindo pena relativa à sentença resultante do processo criminal movido em 2019 pelo então vereador – e hoje prefeito – Cláudio Schooder-Leitinho (PSD). RS falou sobre os dias na cadeia e contextualizou os fatos que levaram o chefe do Executivo a processá-lo.
O caso teve origem em um episódio ocorrido em setembro de 2019, dentro da Câmara Municipal de Nova Odessa. Segundo a sentença, ao final de uma sessão legislativa, Renato teria invadido área restrita do plenário e, exaltado, iniciou uma discussão com o então vereador Tiago Lobo. “O vereador e hoje prefeito Leitinho, durante uma conversa na Câmara Municipal, invadiu uma entrevista minha com o Tiago Lobo. E começou a bater boca comigo. Óbvio, começou a virar uma discussão”, relatou.
“Aí ele simplesmente segurou a minha cabeça sem eu nem esperar, e beijou a minha boca. Mas eu não bati nele. Empurrei para que ele me soltasse. Só que eu estava com a chave da moto na mão e fez um risco no pescoço dele, muito insignificante”, explicou Renato. A sentença descreve que, ao tentar intervir para acalmar os ânimos, Leitinho teria sido agredido com “um tapa no rosto, um soco na testa e um golpe no pescoço com uma chave”.
As agressões teriam sido confirmadas por laudo pericial, testemunhas e imagens das câmeras de segurança da Câmara. O juiz responsável pelo caso considerou que não caberia a substituição da pena por medidas alternativas, nem o direito ao chamado “sursis” (suspensão condicional da pena). A decisão da condenação a três meses e 15 dias de prisão em regime semiaberto foi publicada em 31 de outubro de 2023, sendo confirmada pelo Colégio Recursal do TJ-SP (Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo) em janeiro de 2025.
Surpresa
“Compreendo que ele (Leitinho) tinha de abrir um processo. Mas é importante as pessoas saberem que eu fui pego de surpresa com a prisão. Porque o Dr. (nome do advogado), responsável, não me defendeu. Não fez a minha defesa”, detalhou o jornalista. Sua defesa tentou recorrer da decisão, mas a apelação foi considerada intempestiva (fora do prazo legal), o que levou à rejeição do recurso e à manutenção da condenação. Posteriormente, embargos de declaração também foram indeferidos pelo Tribunal, encerrando as possibilidades de recurso na esfera estadual.
“Perdeu prazo e não fez nada, apesar do contrato pra que fizesse”, lamentou Renato Silva. “Mas eu não fui preso. Nenhuma viatura me buscou, nem fiquei foragido, como algumas pessoas comentaram na internet. Apesanas recebi o comunicado sobre a sentença. Existia uma lista de locais onde eu poderia me apresentar. E escolhi em Sumaré, no CR. Porque o advogado que contratei logo após receber a notificação me disse que lá era melhor opção”, acrescentou.
O jornalista cita que cumpriu a pena trabalhando em uma tradicional empresa do ramo de móveis em Nova Odessa. “Eu saía de manhã, trabalhava na empresa e só voltava a noite, nesses 22 dias”, detalha. “Gostaria que as pessoas soubessem desses detalhes. Senão fica parecendo que o Renato Silva é o agressivo, o que não é verdade. E por eu não ter histórico e não ser agressivo que o juiz extinguiu a minha pena”, defendeu. “Eram 105 dias. eu teria que cumprir 1/6 (da pena), que daria 17 dias. Acabei ficando mais por causa da questão burocrática”, diz.
Conhecidos próximos de Renato Silva chegaram a dizer à reportagem do NM – quando boatos surgiram da prisão – que ele estaria ‘dando um tempo das redes sociais’ e do telefone, fato refutado pelo jornalista. “Eu nunca escondi isso de ninguém. Talvez tenham perguntado pras pessoas erradas, porque muitos sabiam que eu havia recebido a notificação e tomado a decisão de me apresentar”, emendou. Ele conta que no dia 23 de junho pegou uma bolsa, colocou roupas dentro, chamou motorista de aplicativo e foi até o CR de Sumaré com o documento.
Por fim, RS comentou sobre a divulgação de uma foto tirada dentro da unidade prisional. “Inclusive falei com a SAP (Secretaria de Administração Penitenciária), através do meu advogado, e estão apurando através de um procedimento administrativo. Pra saber quem vazou a minha foto, porque isso não pode”, completou.
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