Em cumprimento à Lei Federal nº 13.430 de 2017, que institui o terceiro sábado de outubro como Dia Nacional de Combate à Sífilis, a Secretaria Municipal de Saúde, por meio do SAE (Serviço de Assistência Especializada), irá realizar testes rápidos para a doença no próximo sábado (20). De acordo com o setor, serão disponibilizados até 70 testes das 7h às 16h. O teste rápido é feito por meio de uma punção na ponta do dedo para extrair uma pequena amostra de sangue. Ele não causa dor e os indivíduos interessados em fazê-lo não precisam estar em jejum ou levar pedido médico, bastando apenas apresentar um documento com foto.
A Sífilis é considerada uma IST (Infecção Sexualmente Transmissível) curável e exclusiva do ser humano. Ela é causada pela bactéria Treponema pallidum, podendo apresentar várias manifestações clínicas e diferentes estágios, sendo a Sífilis primária, secundária, latente e terciária. A transmissão pode ocorrer durante relação sexual sem uso de preservativos com uma pessoa infectada e em crianças durante a gestação ou parto.
Na primeira fase os sintomas geralmente estão associados à ferida no local de entrada da bactéria (pênis, vulva, vagina, ânus, boca ou outros locais) que surgem entre 10 e 90 dias após o contágio, podendo estar acompanhada de íngua na virilha. Normalmente essas feridas não incomodam porque não doem, não coçam, não ardem e não têm pus, o que dificulta os indivíduos suspeitar do contágio e, ao mesmo tempo, facilita a transmissão da bactéria para outras pessoas.
Na fase secundária podem ocorrer manchas pelo corpo, que geralmente não coçam, incluindo as palmas das mãos e plantas dos pés. Também pode ocorrer febre, mal- estar, dor de cabeça e ínguas pelo corpo.
A Sífilis latente, também chamada de assintomática, é quando o indivíduo não apresenta qualquer sintoma, embora seja portador da bactéria. Ela é dividida em Sífilis latente recente (com menos de dois anos da infecção) e tardia (com mais de dois anos), porém a duração desse estágio de latência varia muito entre os indivíduos, sendo interrompido pelo surgimento de sinais e sintomas tanto da primeira quanto da segunda fase. A fase terciária é a mais preocupante, porque o tratamento nesse estágio da doença é considerado inócuo. Os sintomas podem aparecer entre 20 e 40 anos após a infecção e causar lesões nos ossos, no coração e no sistema nervoso central. Também pode levar o indivíduo à paralisia, causar doenças mentais, cegueira e morte.
A prevenção se faz com o uso correto de preservativo feminino ou masculino, bem como o acompanhamento das gestantes durante o pré-natal, para evitar a sífilis congênita, quando a doença é transmitida da mãe para o bebê. Já o tratamento é feito à base de antibiótico (penicilina), mas precisa ser iniciado entre a primeira e a segunda fase, pois durante a Sífilis terciária o tratamento se torna pouco eficaz.
No Brasil a Sífilis vem registrando números alarmantes nas últimas décadas e atualmente o país vive uma epidemia da doença. Em 2010, o Ministério da Saúde notificou 3.822 casos, enquanto que no ano seguinte os números saltaram para 18.139 registros. Ainda para efeito de comparação, em 2012 o país notificou 27.801 casos, porém em 2014 os números continuaram subindo, chegando a 50.262 diagnósticos confirmados. O ano de 2016 foi o pico da última década, quando 87.593 casos foram notificados pelos serviços de vigilância epidemiológica em todo território nacional.
Dados da Vigilância Epidemiológica de Americana apontam que em 2017 o município confirmou 115 casos envolvendo homens e 63 em mulheres, dos quais 26 casos eram gestantes, o que resultou em um caso de Sífilis congênita.
Em 2018, até o dia 9 de outubro, o setor havia notificado 61 casos em homens e 23 em mulheres, sendo 11 gestantes. A transmissão de mãe para o recém-nascido resultou em cinco notificações. Para a coordenadora do SAE, Marinilze Rodrigues Giubbina, a prevenção é o melhor caminho a ser trilhado pelos indivíduos, a fim de evitar o contágio. Ela destaca que é preciso reforçar a prevenção e para quem já adquiriu a doença, fazer corretamente o tratamento, que é gratuito e está disponível pelo serviço especializado municipal. “Há necessidade de fazer a prevenção, há necessidade de tratarmos as pessoas para que a gente possa reverter essa epidemia de sífilis, inclusive evitar que crianças nasçam com a doença”, alertou. De acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde) a Sífilis afeta um milhão de gestantes por ano em todo o mundo, levando a mais de 300 mil mortes fetais e neonatais e colocando em risco de morte prematura mais de 200 mil crianças.
O SAE está localizado ao lado do Hospital Municipal, na Rua Cuiabá s/nº esquina com Rua Ana Almeida Pioli, no Jardim Nossa Senhora de Fátima. O telefone do serviço é o (19) 3468-3906 ou (19) 3478-3039.