A relevância da cibersegurança nos últimos anos faz com que ela esteja presente em cada vez mais áreas, e os processos eleitorais não são exceção. As eleições em diferentes países do mundo trazem à tona questões importantes, como por exemplo: saber se um ataque cibernético poderia influenciar os resultados de votações e, assim, alterar o curso político de uma nação. Nesse sentido, é importante fazermos algumas reflexões sobre a segurança cibernética, ainda mais no ano em que a urna eletrônica completa 22 anos de utilização no Brasil, primeiro país da América Latina, e também do mundo, a adotar o sistema.
 
Uma tendência global. A tecnologia tornou-se um elemento inerente às eleições, especialmente quando o voto eletrônico é usado para definir uma disputa eleitoral. ?? notória a necessidade de aplicar mais e melhores mecanismos de proteção nesse tipo de processo. Além disso, o uso de ferramentas digitais para atingir os eleitores se tornou um fator determinante, tal como mostram os recentes casos do Facebook e da Cambridge Analytica, no qual os dados de mais de 87 milhões de usuários da rede social foram coletados por meio do aplicativo This is your digital life e usado em campanhas publicitárias e políticas durante as últimas eleições presidenciais dos Estados Unidos.
 
Papel da cibersegurança. A tecnologia é imprescindível em âmbito eleitoral. Nestes processos, é fundamental proteger a infraestrutura tecnológica envolvida, como os bancos de dados e, em geral, as informações necessárias para esse exercício democrático. O objetivo final da segurança cibernética em um processo eleitoral é proporcionar segurança e confiança ao eleitorado sobre os resultados da votação, não apenas na contagem de votos, mas também em todas as atividades prévias e posteriores à votação, especialmente quando existem a possibilidade de alterar o curso das campanhas políticas por meios de malwares, bots ou ciberespionagem.
 
A desinformação em um clique. As notícias falsas visam desinformar e se espalhar com facilidade e rapidez. ?? importante que os eleitores consigam discernir entre a veracidade ou não de informações disseminadas pela internet, bem como a importância de formar seus próprios critérios para eleger o candidato baseados em informações confiáveis. Embora essas notícias não se refiram diretamente à segurança cibernética, elas podem ser consideradas como uso mal-intencionado da tecnologia, já que as interações políticas não são alheias às redes sociais e muito menos quando essas plataformas são usadas como instrumento para atrapalhar campanhas eleitorais com a disseminação de rumores, notícias falsas e ataques maciços contra partidos políticos, candidatos ou figuras públicas.
 
Cibersegurança, um habilitador da democracia. Nas eleições, é necessário que os cidadãos tenham confiança e segurança com relação aos resultados eleitorais e ao processo em geral. Nesse contexto, o papel da segurança cibernética é atuar como facilitador, isto é, proporcionando as condições necessárias para o exercício da democracia a partir de sua utilização.
 
Embora a cibersegurança não seja o único elemento que contribui para gerar confiança, ela é essencial em um ambiente que cada vez mais utiliza a tecnologia. Outros aspectos igualmente relevantes vão além da tecnologia e envolvem cidadãos melhores informados, instituições confiáveis, processos transparentes e, acima de tudo, respeito pela decisão da maioria. Precisamos apostar na conscientização dos usuários para estarem cientes dos riscos ou golpes que circulam na internet, para que possam identificá-los e evitá-los. Para isso, educação e proteção são os primeiros passos.