Tecnologia desenvolvida na Unicamp estimula controle no consumo de sal para evitar doenças cardiovasculares

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Pesquisadoras da Faculdade de Enfermagem da Universidade Estadual de Campinas (FEnf Unicamp) desenvolveram uma tecnologia capaz de monitorar o consumo diário de sal com o objetivo de reduzi-lo prevenir doenças desencadeadas pela excessiva ingestão. O aplicativo chamado “Sal na Medida” foi desenvolvido como um aliado à saúde, tendo em vista que o consumo excessivo de sal está associado ao aumento do risco de diversas doenças crônicas não transmissíveis, como as cardiovasculares, osteoporose e o câncer de estômago.

A tecnologia foi registrada como um programa de computador no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) com o suporte e estratégia da Agência de Inovação Inova Unicamp e pode ser disponibilizada como um aplicativo móvel de celular, compatível com o sistema Android. Com foco na saúde, a invenção se mantém alinhada ao Objetivo de Desenvolvimento Sustentável da Organização das Nações Unidas (ONU) – o de número 3 (Saúde e Bem-estar), devido à prevenção e controle de doenças mediante o acompanhamento da ferramenta.

O aplicativo foca na redução do uso do sal durante o preparo das refeições, o que tem sido evidenciado como a principal fonte de consumo do nutriente pela população brasileira. O programa atua a partir dos dados fornecidos pelo usuário, como o número de colheres utilizadas nos preparos do almoço e jantar e quantas pessoas fazem a refeição no domicílio. Assim, é contabilizado o consumo do sal individual, além de disponibilizar informações sobre os riscos do excesso e possíveis substituições por meio do uso de temperos naturais e receitas caseiras. A plataforma atua com o referencial de consumo de 3,5 gramas diárias de sal por pessoa (equivalente a uma colher de chá).

As responsáveis pelo desenvolvimento da tecnologia são: a doutora em Ciências da Saúde pela FEnf Unicamp, Milena Sia Perin, cuja pesquisa contou com a orientação da professora Marilia Estevam Cornélio da FEnf e coorientação da professora Maria Cecília Bueno Jayme Gallani da “Universidade Laval” (Quebec, Canadá). Segundo as pesquisadoras, o aplicativo é o único disponível em território nacional com enfoque no acompanhamento e na promoção do consumo saudável de sal, e compete apenas com outro similar fora do país, mas que se restringe ao uso de pessoas com hipertensão arterial.

A tecnologia contou com o financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) e está disponível para o licenciamento de empresas e instituições parceiras, que possam atuar junto de seu desenvolvimento complementar e disponibilizar o aplicativo à população. A ferramenta permite o uso em escala de maneira simples, mediante o download do programa no aparelho celular – o que demanda apenas o investimento em atualizações periódicas para que a tecnologia permaneça ativa nas plataformas digitais.


O “Sal na Medida” também disponibiliza uma adaptação do programa para se tornar compatível com o sistema IOS, além da sua migração para as páginas de computador – acessível no formato web. Como resultado do uso, há um banco de dados estratégicoformado de maneira autônoma pelos usuários.

A análise dos dados permite traçar a projeção de diversos tipos de comportamento alimentar e perfis populacionais, de acordo com diferentes regiões e grupos – o que torna a ferramenta uma aliada na área da saúde. “Essa é uma tecnologia que permite não só tratar uma condição, mas ampliar a sua implementação na área da saúde, sem restrições de atuação e com alcance em escala”, destaca Cornélio.


Tecnologia desenvolvida com base em metodologia inglesa


A tecnologia conta com uma abordagem científica comprovada entre os participantes durante o seu processo de pesquisa, que demonstrou a queda no consumo do sal – de 4,6 g para 3,5 g no final do estudo, além de 67% dos participantes demonstrarem disposição em continuar reduzindo a ingestão de sal. A base para o desenvolvimento do aplicativo é o modelo “Roda da Mudança de Comportamentocriado por pesquisadores no Reino Unido de forma a orientar o planejamento de estratégias mais eficazes para mudanças em intervenções comportamentais.


Os estudos prévios ao desenvolvimento do aplicativo fez com que as pesquisadoras pudessem identificar e elencar os fatores que estimulam o excesso no consumo do sal, como a preferência por comidas mais temperadas, além das adequações para a mudança do comportamento.

Embora já esteja desenvolvida como aplicativo, a tecnologia ainda não está disponível ao público, uma vez que depende do licenciamento por parte de uma empresa ou instituição interessada.


Como licenciar uma tecnologia na Unicamp


A Inova Unicamp disponibiliza no Portfólio de Tecnologias da Unicamp uma vitrine tecnológica. Empresas e instituições públicas ou privadas podem licenciar a propriedade intelectual desenvolvida na Unicamp, com ou sem exclusividade, tais como patentes, cultivares, marcas, programa de computador e know-how. O contato para interessados no licenciamento de tecnologias da Universidade é realizado diretamente com a Agência de Inovação da Unicamp pelo formulário de conexão com empresas.


Sobre a Inova Unicamp


Inova Unicamp é o único Núcleo de Inovação Tecnológica (NIT) da Universidade e atende a todos os campi. A Agência de Inovação da Unicamp foi criada em 2003 com o objetivo de identificar oportunidades e promover atividades que estimulam a inovação e o empreendedorismo, ampliando o impacto do ensino, da pesquisa e da extensão em favor do desenvolvimento socioeconômico sustentado.


A Agência apoia a comunidade na proteção da propriedade intelectual da Unicamp, na transferência de tecnologia, na consolidação de convênios de pesquisa, desenvolvimento e inovação (PD&I) entre a Unicamp e o setor empresarial. Ela também é responsável pela gestão do Parque Científico e Tecnológico da Unicamp e da sua Incubadora de Empresas de Base Tecnológica (Incamp), além de fomentar a comunicação e a cultura de empreendedorismo e inovação com programas de relacionamento institucional e capacitações para a comunidade interna e externa da Universidade e envolvendo parceiros do ecossistema ao redor da Unicamp.

 

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