Jardim Botânico, Teatro Amazonas, Praia de Ponta Negra, Museu do Seringal, Largo de São Sebastião, o encontro das águas dos rios Negro e Solimões. Esses são alguns dos lugares para se conhecer na cidade quente de Manaus. Porém, diferentemente de outras capitais brasileiras, um dos corações da Amazônia oferece a possibilidade de visitação de comunidades indígenas.
Etnia Dessana Tukana
Uma das etnias indígenas abertas à visitação de turistas é a Dessana Tukana. Localizada às margens do Rio Negro e acessível apenas por barco: é preciso atravessar uma pequena ponte para chegar à praia fluvial, onde se encontra a Reserva de Tupé, morada de cerca de 40 integrantes dessa etnia.
Originalmente advindos das fronteiras entre Brasil, Venezuela e Colômbia, os índios Dessana Tukana mudaram para as proximidades de Manaus há cerca de 20 anos, na busca por acesso a estudo. Ao trabalhar com turismo, esses índios buscam manter a sua cultura e modo de viver e disseminá-los entre outros povos.
Por estarem em uma área de reserva, esses indígenas estão submetidos a leis de preservação ambiental e não podem caçar nem derrubar parte da mata para plantar alimentos.
Até três ou quatro anos de idade, os índios dessa etnia aprendem apenas a sua língua materna. O português só é ensinado às crianças quando elas vão para a escola, o que é obrigatório de acordo com a Constituição Federal.
Programa da visita
Ao chegarem na praia fluvial, os turistas são convidados a entrar em uma oca e se acomodar em bancos de madeira feitos pelos próprios Dessana Tukana. Além de servirem como alojamento, as ocas, também chamadas de ???maloca???, abrigam cerimônias, cozinha e reuniões comunitárias da comunidade.
Após uma breve conversa em que contam a sua história e como vivem na reserva, eles apresentam aos visitantes alguns de seus instrumentos artesanais, trajes e costumes.
Por fim, eles iniciam um breve ritual com músicas, cantos e danças, tocando instrumentos feitos por eles mesmos. Esse ritual costuma durar 24 horas e é feito quando uma tribo recebe outra, mas os índios Dessana Tukana mostram uma pequena prévia aos visitantes que, em determinado momento da cerimônia, são chamados a participar.
Além dos corpos pintados e colares, eles usam cocares. Esses objetos apresentam diferentes significados dependendo da etnia e do contexto em que são usados: um símbolo de força, poder, ligação com a natureza ou prêmio por atos de coragem.
Etnia Tatuyo
Outra etnia que recebe viajantes em Manaus são os índios Tatuyo. Localizados ao lado da praia de Ponta Negra, eles recebem turistas por três dias e duas noites.
Além de jantares com comidas típicas, como peixe, farinha e formiga frita, os visitantes fazem trilhas, têm aulas sobre ervas medicinais e sobre a língua da comunidade. Antes de dormir em redes amarradas em árvores cobertas por mosquiteiros, os visitantes participam de uma contação de histórias.
Diretrizes para a visitação
Ao fazer um desses passeios, é importante estar atento às regras de convivência e recepção de pessoas não-integrantes daquela etnia. São centenas de povos indígenas diferentes entre si, com sua própria cultura e visão de mundo. Por isso, independentemente da comunidade indígena a ser visitada, o respeito é a porta de entrada para qualquer contato.
Se, na hora do passeio, você ficar em dúvida sobre o que pode fazer ou não, vale lembrar da máxima de não fazer o que não gostaria que outras pessoas fizessem na sua casa. Antes de visitar uma comunidade indígena, procure as lideranças ou agências credenciadas que organizam a visita. Não são todas as tribos que recebem turistas, e chegar em sua área sem aviso prévio é um erro.
Perguntar aos integrantes dessa comunidade o que é permitido e o que é considerado desrespeitoso também é uma boa dica. Se a ideia é aprender outros jeitos de enxergar o mundo, priorizar o ouvir é essencial. Além disso, é fundamental respeitar os rituais e só participar deles se for convidado pelos integrantes da tribo.