As crianças de cinco anos de idade da Emei (Escola Municipal de Educação Infantil) Casa da Criança Tahira, no Jardim Ipiranga, estão mudando o hábito alimentar com o projeto “Alimentação Saudável”, coordenado pela professora Vânia Silvério e a estagiária de nutrição, Daniele Godinho.
O objetivo do projeto é estimular a curiosidade das crianças pelos diversos alimentos oferecidos na escola que contribuem para uma alimentação saudável. “Como as crianças tem suas preferências alimentares que nem sempre suprem suas necessidades nutricionais, e devido à grande oferta de alimentos prontos, entendemos que as crianças podem através de pesquisas, brincadeiras e experiências, conhecer, valorizar e passar a gostar de legumes, verduras e carnes que não estão acostumadas a experimentar”, disse Vânia.
Segundo a coordenadora da Casa da Criança, Sandra Juliato, a educação infantil precisa de estímulos sensoriais para a verdadeira aprendizagem. “O projeto vem de encontro com os objetivos propostos para crianças desta idade, estimulando tanto o conhecimento dos alimentos quanto a alimentação saudável, entendendo seus benefícios. ?? uma troca de conhecimentos e aprendizagens”, afirmou.
O projeto começou depois que funcionários da escola e a própria professora passaram a observar que as crianças jogavam boa parte da comida fora para repetir depois arroz e feijão ou apenas o arroz. Os alunos tiravam os legumes e verduras. Nessa época o prato, que tinha arroz, feijão, carne, legumes e verduras, era feito pelas funcionárias e oferecido aos alunos.
“No início do ano as crianças eram servidas, a gente virava as costas e jogavam a comida fora. A partir daí vimos a necessidade de trabalhar de outra forma a questão da alimentação”, lembrou Vânia. Com apoio da estagiária a professora montou o projeto para mudar esta realidade. “As crianças entendiam a importância da alimentação, mas não conseguiam comer as verduras.”
Vânia elaborou duas listas para conversar com os alunos. Em uma ela pedia para a criança apontar o que mais gostava e na outra o que não gostava. “E naturalmente eles gostavam de chocolate, biscoito e sorvete. Não gostavam de batata, cenoura, tomate e brócolis, por exemplo”, afirmou. Depois a professora passou uma atividade para casa onde a família indicava o que mais consumia. A pesquisa mostrou que nas casas até havia variedade de alimentos, porém as crianças não gostavam da maioria.
A professora e a estagiária preparam algumas estratégias de ação. Montaram uma lista de alimentos saudáveis, construíram junto com as crianças uma pirâmide de cinco andares que mostrava o que podiam comer mais e saborear menos. “Queríamos mudar o hábito deles. Entendemos que existe uma propaganda forte nos meios de comunicação por consumismo de alimentos não saudáveis. O primeiro passo foi oferecer um prato bem colorido. Criamos a possibilidade deles mesmo se servirem. Constituímos uma oficina culinária, no local os alunos podiam experimentar as diversas frutas e fazer sucos. “No começo não foi fácil para a criança se servir por causa da quantidade no prato, havia exageros. Hoje, já têm controle. Nós pedimos e, como atividade, trouxeram legumes de casa. Alguns picados e outros ralados. Assim eles viam as diversas formas de poder se alimentar”, disse a estagiária.
Na base da pirâmide aparecem os tubérculos, arroz, macarrão e cereais. Acima, vegetais e frutas. Depois carnes e ovos e feijão. Na parte de cima a margarina, o biscoito, o chocolate, etc. Os alunos ainda confeccionaram cartazes e fizeram desenhos da pirâmide. “Assim eles ficaram conhecendo os grupos alimentares”, afirmou a estagiária.
“No início eles resistiam muito em apreciar, aceitar. Apenas uns dois alunos colocavam verduras no prato. Alguns outros provavam frutas. Depois do projeto aceitam provas de alimentos diferentes. Já comem tomate (que era raro), melão, maça, banana, mamão, abacaxi, laranja e até abacate”, disse a professora.
Segundo a estagiária tinha criança que só comia arroz. Atualmente se alimenta com feijão e prova as carnes e legumes. “Um aluno comia muito rápido sem ter tempo para saborear os alimentos. Agora ele come mais devagar e conversa com os pais sobre aquilo que aprendeu aqui na Emei”, afirmou.
No segundo semestre a professora vai fazer junto com os alunos uma horta para poderem observar o cultivo e o desenvolvimento dos alimentos. Ela e a estagiária entendem que é importante uma alimentação saudável nesta faixa etária. “Quando adulto, ele ou ela poderá fazer escolhas melhores. Os obesos de hoje estão com a saúde muito comprometida. Estas crianças podem ajudar a mudar os hábitos alimentares das famílias”, ressaltou Vânia.
Daniele conta com orgulho que tem alunos que chegam em casa e falam para os pais que não podem fazer frituras. Eles argumentam que não é uma alimentação saudável. “Entendendo que nesta fase é que se começa a escolher os alimentos. Eles ficam curiosos e passam a aumentar o interesse pelos alimentos saudáveis”, finalizou.
Recursos e estratégias usados pela professora e estagiária:
1) Livros de história como, “O grande Rabanete”, que possam despertar a curiosidade das crianças2) Montar pirâmide alimentar partindo das preferências das listas: O que eu não gosto de comer…O que eu gosto de comer…3) Cestas de alimentos da cozinha da escola (frutas, verduras e legumes)4) Material de pesquisa, recorte e colagem para montagem de cartazes5) CDs com músicas referentes a alimentação como “A sopa do neném” do grupo Palavra Cantada, etc.6) Preparação de uma horta com um voluntário da comunidade7) Preparação de receitas saudáveis com a orientação das cozinheiras da escola8) Observação de sementes, dos alimentos utilizados na cozinha da escola e colagem das sementes e desenhos.