Para cada 1% a mais de jovens entre 15 e 17 anos nas
escolas, há uma diminuição de 2% na taxa de assassinatos. Essa foi a conclusão
da Nota Técnica Indicadores Multidimensionais de Educação e Homicídios. O
estudo mapeou as condições educacionais nos territórios prioritários para
focalização no âmbito do Pacto Nacional pela Redução de Homicídios (PNRH).

A pesquisa, que analisou a relação entre o número de
homicídios e a qualidade das escolas localizadas em 81 municípios brasileiros,
aponta a educação como a principal política social de redução dos assassinatos.
???Esse estudo ajudou a repensar o uso da repressão como única forma de fazer
segurança pública???, afirmou o chefe de Gabinete do Ipea, Fábio de Sá e Silva.

Regina De Luca Miki, secretária nacional de Segurança
Pública, reforçou a necessidade de pensar políticas sociais que evitem que os
crimes aconteçam. ???Uma dessas políticas é a educação. Quando o Estado se
ausenta, expõe os cidadãos à presença do crime???.

Cerqueira mostrou como a questão dos homicídios é focalizada.
81 municípios concentravam 22.776 homicídios (48,6% do total no país) em 2014,
porém, com alta concentração em poucos bairros, 4.706. No Rio de Janeiro, por
exemplo, 50% dos homicídios aconteceram em 10% dos bairros (17 bairros). ???Um
quarto dos homicídios no país estão localizados em 470 bairros. Dá pra gerenciar
isso???, garantiu.

Cerqueira ressaltou que o crime não é uma constante na vida
do cidadão. ???Existe um ciclo que começa por volta dos 12 ou 13 anos e vai até
os 30. Se a pessoa não se envolveu até essa idade, dificilmente se envolverá???.
Esse é um dos motivos da importância da escolarização. As chances de homens com
até sete anos de estudo sofrerem homicídio são 15,9 vezes maiores que aqueles
com nível universitário.

A renda também influencia na diminuição dos homicídios. A
expansão do Bolsa Família, junto com o aumento da escolarização de adolescentes
entre 16 e 17 anos em situação de vulnerabilidade, diminuiu os assassinatos. Isso
acontece porque o aumento na renda da família reduz a necessidade de o adolescente
envolver-se com o crime por motivações econômicas.