As Escolas Técnicas Estaduais (Etecs) Irmã Agostina, da Capital, e Prof. Carmelino Corrêa Júnior, de Franca, estão na final nacional do Prêmio Jovem da Água de Estocolmo, realizado pelo Instituto Internacional de Águas de Estocolmo (SIWI). Durante a etapa brasileira de seleção, no dia 5 de junho, será revelado o vencedor, que representará o Brasil na final internacional, prevista para ocorrer em agosto, durante a Semana Internacional da Água, na capital da Suécia.
As unidades do Centro Paula Souza (CPS) concorrem com três projetos de alunos dos cursos técnicos de Química e Biotecnologia, que desenvolveram propostas para a crise mundial da água. A final nacional selecionou, no total, cinco projetos sendo que os demais finalistas são de outras instituições de ensino.
Promovida no Brasil desde 2017, a competição este ano será realizada por meio de uma plataforma online com acesso gratuito. O vencedor brasileiro vai disputar a final internacional com competidores de 30 países. Para o tecnólogo e coordenador da etapa do prêmio que acontece no Brasil, Álvaro Diogo, a competição é uma forma de estimular o interesse pelo trabalho de iniciação científica entre os jovens de nível médio que têm de 15 a 20 anos de idade. “Além de motivar o talento e a criatividade para promoção do desenvolvimento sustentável, a premiação reconhece também o trabalho dos professores que orientam os alunos”, afirma.
Agenda pela água
A final brasileira será realizada no Dia Mundial do Meio Ambiente (5 de junho), data estratégica para o evento que colabora com a Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU). O documento estabelece 17 metas globais ou Objetivos de Desenvolvimento Sustentáveis (ODSs). O sexto ODS prevê a universalização dos serviços de fornecimento de água e saneamento.
A Etec Irmã Agostina foi a finalista brasileira que disputou a etapa internacional da competição em Estocolmo no ano passado. Em 2017, o representante brasileiro na final internacional foi a Etec Bento Quirino, de Campinas. O coordenador geral do prêmio, Alvaro Diogo, reconhece o destaque das Etecs na competição. “A visibilidade dos projetos das unidades do Centro Paula Souza confirma o trabalho pedagógico consistente das escolas que estimulam a iniciação científica e o espírito de inovação nos alunos,” avalia.
Premiação
Esta é a quarta edição do Prêmio Jovem da Água de Estocolmo no Brasil e a primeira vez que a Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental (ABES) e o grupo Jovens Profissionais do Saneamento (JPS) da entidade são responsáveis pelo evento. O júri da premiação deste ano inclui o médico sanitarista e professor da Universidade de São Paulo (USP), Paulo Saldiva, além dos especialistas em Recursos Hídricos e Meio Ambiente Monica Porto (USP e Sabesp), Dawn Fleming (Waterlution), Edgard Gouveia (Primavera X), Josivan Cardoso (ABES), Manuella Curti (Europa Purificadores), Mario Ramacciotti (Xylem) e Thomas Ficarelli (JPS).
Conheça os projetos finalistas das Etecs
Etec Irmã Agostina
Equipe: Marcos Vinícius Caetano e Victória Cavalcante Sousa, com coordenação do professor Klauss Engelmann.
Projeto finalista: Desenvolvimento de micropartículas magnéticas associadas à quitosana reticulada para recuperação de íons Ni2 + de efluentes industriais
O projeto propõe o tratamento de resíduos industriais de níquel e a recuperação desse metal para ser reutilizado na indústria. “Escolhemos esse tema porque o níquel é bastante usado na produção de baterias de carros elétricos e sua intensa extração pode resultar em impactos ambientais e desastres como os de Mariana e Brumadinho”, afirma Victória. A proposta da tecnologia desenvolvida pelo grupo reduz a demanda por extração de recursos naturais e pode ser aplicada também no tratamento e recuperação de outros metais.
Etec Irmã Agostina
Equipe: Daniel Victor Santos Silva e Iago Martins Felipe, com coordenação do professor Alexandre Barros.
Projeto finalista: Atividade biofloculante da pectina extraída da casca da laranja para tratamento de efluentes líquidos
O objetivo do trabalho foi reduzir o impacto e toxicidade no processo de tratamento de água. “O floculante mais usado pelas estações de tratamento para reduzir a turbidez da água é a poliacrilamida. Como é uma substância muito tóxica, pesquisamos a aplicação de um produto extraído da casca da laranja, a pectina, que se mostrou uma alternativa sustentável”, explica Daniel. O estudo testou e concluiu que a pectina é eficiente como floculante e pode tornar o tratamento da água um processo mais seguro para o meio ambiente.
Etec Prof. Carmelino Corrêa Júnior
Equipe: Rafaela Marques Celestino e Tassiany Schatz da Silva com coordenação da professora Joana D’Arc Félix.
Projeto finalista: Redução da toxidade de efluentes de curtumes até atingir a condição de água potável
O trabalho buscou identificar maneiras sustentáveis para tratar os efluentes tóxicos de curtumes. “A região de Franca tem uma presença forte dessa indústria e o nosso desafio foi propor uma solução capaz de tratar os resíduos até deixá-los na condição de água potável”, explica Rafaela. O estudo comprovou a eficiência de escamas de tilápias como biossorventes para descontaminar efluentes tóxicos. As escamas de peixe foram eficientes na remoção dos resíduos e ficou demonstrado que a relação custo/benefício do produto favorece sua aplicação no tratamento de outros contaminantes e metais pesados.