As minorias sociais, segundo o sociólogo Luís Chaves, são grupos de pessoas que de algum modo encontram-se numa situação de tratamento discriminatório em relação aqueles que detêm status de privilégio. Em outras palavras, são pessoas socialmente em posições de desigualdade ou em situação de vulnerabilidade. São grupos sociais subrepresentados nos espaços de poder e de autoridade moral.

Essas posições sociais são construídas num processo histórico de preconceitos e estigmas. No Brasil, infelizmente, carregamos uma herança colonialista, escravagista, segregacionista, classista, patriarcal e moralista. Tudo isso produz lugares de subalternidade aos negros, mulheres, pobres, pessoas com deficiência, lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais e adeptos às religiões perseguidas.

Desde a segunda metade do século XX, uma série de movimentos sociais, dentre eles o feminista, o negro, o LGBTI e o de pessoas com deficiência, têm pautado os direitos redistributivos, que compreendem os direitos políticos, civis e sociais; bem como os direitos de reconhecimento, reivindicando novas legitimidades e reconhecimento moral.

Para tanto, todos esses movimentos expressam em comum uma tríade resistência estética, linguística e moral. Fazendo de seus corpos potência de transformação e construção de suas identidades; usando a linguagem como forma de ressignificação, fazendo das palavras um meio para revisar estigmas e contrapondo-se ao machismo, ao classismo, ao racismo, ao homotransfobia e ao capacitismo, de modo que saibamos conviver com as diferenças e respeitando a alteridade do outro. O multiculturalismo precisa que pessoas e instituições (escola, família, governo, empresas) sejam corresponsáveis pela afirmação desse valor comum.

 

 

Fábio Ortolano | Professor na área de gestão da diversidade PUC SP e no Senac SP.