O número de startups brasileiras não para de crescer, e você já deve ter percebido isso. De acordo com a Associação Brasileira de Startups (Abstartups), houve um salto de 207%, apenas entre os anos de 2015 e 2019. No primeiro ano considerado pela pesquisa, existiam 4.451 startups cadastradas. Posteriormente, em 2020, o Brasil já contava com 13.211, um aumento significativo.
Em contrapartida, a vida útil é curta. O levantamento do Sebrae e Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, divulgado em 2018, mostra que 30% das startups verde e amarelas acabaram de maneira precoce. Vale destacar que em 2018 aconteceu o boom, o Brasil atingiu a marca de 10.000 empresas cadastradas, e testemunhou o surgimento de seu primeiro unicórnio, a 99 Táxis.
Depois disso, cresceu ainda mais, o salto de 2018 para 2020 foi de 32,11%, encerrando o ano com mais de 13 mil startups.
Porém, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o novo coronavírus contribuiu, e muito, para o fechamento de 716 mil empresas de todos os tipos, não apenas startups.
Mas quais são as principais causas da mortalidade? Sobretudo, qual é o motivo das falências em tão pouco tempo?
Produtos sem demanda
Primeiramente, é válido lembrar que o negócio surge a partir da necessidade. Ou seja, ele nasce para resolver problemas do mercado. Se a startup não atender às demandas mercadológicas, as chances de falência são gigantes.
Além da escassez de dinheiro, desentendimentos entre sócios e problemas de gestão, a falta de viabilidade da empresa é a razão central do fim das startups.
Sem uma pesquisa de mercado confiável, para checar se o produto final será bem aceito, os proprietários tendem a gastar tempo e dinheiro em projetos que não darão certo.
Por outro lado, também existem casos em que a ideia é boa, com um modelo de negócio escalável, repetível e inovador, como uma startup de sucesso, mas os empreendedores têm dificuldades na hora da execução.
A seguir, veja os principais motivos da falência de startups, segundo a CB Insights.
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Dinheiro esgotado ou falha ao levantar novo capital;
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Produto que não resolve o problema do mercado;
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A empresa foi batida pela concorrência;
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Modelo de negócios defeituoso;
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Questões de preços ou custos;
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Má localização;
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Problemas entre membros da empresa;
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Lentidão no lançamento;
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Lançamento prematuro;
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Produto pobre;
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Falta de comprometimento.
Agora, vamos entender mais sobre esses problemas.
Apego a ideia
No começo da startup o principal erro é ter muito apego a ideia, mas esquecer da execução e validação. É comum que empreendedores se apaixonem pela solução e não pelo problema. Assim, o surgimento de um produto ou serviço desnecessário é quase certo.
O ideal é perceber a necessidade do mercado, buscar soluções para suprir a demanda, entender o que os clientes precisam.
Falta de foco e determinação
Pelo fato do retorno ser pequeno a curto prazo, parte dos empreendedores dividem o seu foco na startup e em seu outro emprego.
Naturalmente, pessoas que fazem mais de uma tarefa não conseguem dar o seu 100% em todas as funções. Uma delas será prejudicada e, na maioria das vezes, sobra pra startup. Para que ela decole, é necessário tomar a decisão de seguir pelo caminho empreendedor.
Fazer tudo sozinho
Ainda sobre foco, o dono da startup não pode cuidar sozinho da empresa, da contabilidade, do marketing e do RH. É importante terceirizar os serviços que não são especialidades do proprietário. Um exemplo é o sistema de gestão financeira, que pode ser administrado por profissionais que conhecem e ainda podem ajudar a empresa a crescer.
Não compartilhar o projeto
É preciso mostrar e divulgar o projeto, conversar com outras pessoas, compartilhar experiências e trocar figurinhas, o famoso network.
Contratar pessoas erradas para a equipe
O time é uma das primeiras coisas observadas por investidores que buscam embarcar na ideia da startup. Por isso é preferível evitar a contratação de amigos e familiares apenas por afinidade, desconsiderando as competências.
Pessoas que performam bem, mas contaminam o ambiente de trabalho também podem arruinar o projeto. Todos devem estar alinhados à cultura do negócio.
Além disso, contratar profissionais medianos pelo fato de não encontrar uma pessoa qualificada é outro erro grave. Vale frisar que a equipe é o principal alicerce do negócio.
Não conhecer o cliente
Para desenvolver o produto é fundamental saber qual é o público a ser atingido, saber das preferências, costumes e hábitos do consumidor final.
Priorizar o investidor ao invés do cliente
Antes de correr atrás do investimento, imprescindível para o sucesso do negócio, é necessário validar o produto com base na opinião do cliente. Assim como o dinheiro, feedbacks positivos são de extrema importância.
Localização
Uma boa localização faz toda a diferença em qualquer tipo de empreendimento. O negócio deve estar perto dos consumidores ou dos polos tecnológicos. Só para ilustrar, um restaurante de frutos do mar localizado longe do litoral é quase inviável.
Terceirizar o core business
Por exemplo: o produto da startup é um aplicativo de entrega e o proprietário procura outra empresa para desenvolver o app. Isso não faz sentido algum, se o projeto é seu, qual o motivo de entregá-lo para terceiros?
Ignorar clientes
Não se pode ignorar o feedback da clientela. A crítica pode ajudar a melhorar o serviço oferecido. É preciso buscar meios para solucionar o problema apresentado, tentando enxergar do mesmo ponto de vista do consumidor. Se nenhuma ação for realizada após a crítica, o cliente trocará de fornecedor.
Planejamento financeiro
O empreendedor deve saber quanto ele pode gastar e investir na startup. Mais do que isso, entender qual é a real situação financeira. Não adianta receber o tão sonhado investimento e gastar de maneira equivocada, prejudicando a saúde do negócio.