A Câmara de Santa Bárbara d’Oeste foi palco de uma manifestação durante a sessão desta terça-feira. Um grupo de pessoas representando entidades protestaram contra uma fala do vereador Felipe Corá (Patriota), considerada racista pelas entidades. Participaram do ato representantes da Associação Cultural e Beneficente Carolina Maria de Jesus, Coletivo de Mulheres Negras, Unegro, Capoeira Motta, Movimento Negro Unificado de Campinas, COMED, SindProsbo, entre outros.
Na semana passada, Corá afirmou que lutas do movimento negro são “hipócritas, vitimistas, de divisão racial, lacrolândia e de proselitismo político”. A fala do vereador motivou o protocolo de pelo menos quatro ofícios na Câmara Municipal por parte de algumas entidades repudiando as palavras de Corá.
Na manifestação ocorrida esta terça-feira, o grupo pediu ao presidente da Câmara, Joel do Gás (PV), que a Comissão de Ética da Casa investigue e apure as falas de Felipe Corá, pedindo, inclusive, retratação pública por parte do vereador. Joel afirmou que os ofícios com as solicitações foram encaminhados para a Procuradoria da Casa. Após a análise jurídica, a mesa diretora deverá dar andamento na questão.
ESTHER. A vereadora Esther Moraes (PL), única a ‘bater de frente’ bravamente contra Felipe Corá, usou seu tempo de fala para rebater o vereador bolsonarista. Esther usou de argumentos históricos e estatísticas precisas para embasar um discurso de 10 minutos em defesa do movimento negro e contra o racismo no Brasil e no município.
FELIPE CORÁ. Já Corá preferiu partir mais uma vez para o ataque e deixar argumentos de lado. O vereador atacou alguns participantes da manifestação, como o ex-prefeito Larguesa (PT), dizendo que os manifestantes são feitos de “massa de manobra” e que eles são “usados”. Corá voltou a usar a palavra hipocrisia, referindo-se ao movimento. Breve, Corá “encerrou” sua fala exibindo um quadro com uma foto ao lado do presidente Jair Bolsonaro, afirmando que aquele objeto seria uma “cruz contra os esquerdopatas”.
BASTIDORES. Fora dos microfones, Corá “se gaba”, afirmando gostar do ibope que a situação traz para seu mandato. Nos bastidores, o vereador não demonstra qualquer tipo de arrependimento por suas falas ou mesmo entendimento de que suas palavras atingem de forma cruel um grupo que luta historicamente por igualdade e respeito.