Vagas abertas ignoram benefícios ligados à saúde mental
O cuidado com a saúde mental tem ganhado cada vez mais espaço no mundo corporativo, principalmente depois que o Burnout foi listado como uma doença do trabalho, no ano passado. Entretanto, apenas 5,6% das empresas utilizam termos referentes aos cuidados com a saúde mental dos seus colaboradores nas descrições das vagas. É o que mostra um levantamento realizado pela Cortex, referência em inteligência de vendas B2B na América Latina, com mais de 3 milhões de oportunidades abertas no primeiro trimestre deste ano nos 15 principais portais de vagas do país.
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Dentre os termos relacionados à saúde mental, os que mais aparecem nas descrições das vagas são: “flexibilidade de horários”, “bem-estar”, “day off”, “saúde mental” e “equilíbrio entre vida pessoal e profissional”.
Diretor de people da Cortex, Paulo Leitner, explica que as empresas precisam respeitar e cuidar das pessoas em sua totalidade, entendendo que não existe o “eu-profissional” e o “eu-pessoal”. É só um “eu” que equilibra em uma só mente a rotina do escritório e a de casa. Por isso, torna- se cada vez mais relevante oferecer benefícios próprios para apoiar os colaboradores na qualidade da saúde mental e, principalmente, evoluir os processos de escuta ativa e monitoramento do clima.
“Nenhum benefício jamais conseguirá reverter os malefícios causados por uma má experiência no dia a dia do trabalho. O cuidado com a saúde mental do colaborador começa no monitoramento do clima da empresa e na leitura de cada comentário deixado pelos times. Se não prestarmos atenção aos sinais precursores das causas que agridem essa relação, não estaremos de fato nos preocupando com a saúde mental de ninguém”, alerta Leitner.
Uso de antibióticos salta 108%
O levantamento apontou ainda que apenas 2,3% das vagas analisadas citavam plataformas que oferecem serviços de apoio à saúde mental, como terapia online, aplicativos que ajudam a criar rotinas mais saudáveis e até meditação. Dentre elas, a plataforma que aparece com mais destaque é o Gympass, que oferece tanto opções de cuidados com saúde mental como física também. Em segundo lugar está a Zenklub, seguida por Vittude e Psicologia Viva.
Esquizofrenia x Transtorno Bipolar: como diferenciar
Existem diversos tipos de transtornos mentais, geralmente caracterizados por combinações de sintomas diferentes. No entanto, alguns podem se manifestar de forma semelhante. Entre os transtornos, podemos citar a depressão, o transtorno bipolar, a demência, a esquizofrenia, entre outros, que, somados, segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), afetam cerca de 1 bilhão de pessoas no mundo.
O Transtorno Bipolar e a Esquizofrenia – transtornos mentais que levam muitos pacientes para internação e para residências terapêuticas – são doenças conhecidas, mas muito confundidas. “As pessoas podem confundir essas condições porque alguns sintomas, como agitação, desorganização, sintomas psicoticos, desânimo, inadequação, podem aparecer em ambos, especialmente em momentos de crise”, comenta o Dr. Ariel Lipman, médico psiquiatra e diretor da SIG – Residência Terapêutica.
Os dois transtornos mentais podem ser graves e afetar o pensamento nos períodos de agudizacção. As vezes, a doença pode ser indistinguível em um primeiro momento, necessitando de mais tempo de acompanhamento para fechar o diagnóstico, que muitas vezes nem é fechado ou pode até mesmo ser modificado ao longo do acompanhamento médico. “Além disso, há também um diagnóstico onde essas doenças se misturam, o Transtorno Esquizoafetivo. Existe, inclusive, uma teoria bem aceita entre os psiquiatras, em que ambas seriam uma mesma doença, porém, quando falamos da apresentação clássica dos transtornos, elas possuem diferenças”. Ainda segundo o especialista, a principal delas é a possibilidade de no Transtorno Bipolar o paciente poder ficar quase completamente assintomático.
O Transtorno Bipolar é uma doença com 3 fases, segundo o Dr. Lipman: a fase da depressão, a fase da euforia e a fase da estabilidade, chamada eutimia. “O objetivo do tratamento é prolongar ao máximo a fase da eutimia e reduzir as fases das crises, seja de euforia ou de depressão. Já na esquizofrenia, a fase da estabilidade costuma não ser isenta de sintomas, com um comprometimento maior, sintomas como desinteresse, embotamento afetivo, perdas funcionais mais pronunciadas”, comenta. “Na verdade, a semelhança entre as doenças aparece em evoluções mais graves do transtorno bipolar, que pode se assemelhar a esquizofrenia, ou no período das crises, porém, as crises tratadas, costuma ser mais fácil fazer a diferenciação”, completa.
Diagnóstico
De acordo com o Dr. Lipman, ao falarmos de transtornos mentais, estamos falando sobre doenças que não têm um exame específico para um diagnóstico e é por isso que os relatos do paciente são importantes, assim como a entrevista com os familiares.
“Como essas e outras doenças têm sintomas muito parecidos, cada relato, cada informação vinda do paciente é extremamente importante para fechar um diagnóstico certeiro e, assim, realizar o tratamento correto”, orienta ele.
Tratamento
Nos dois casos, o uso de medicação psicotrópica se mostra fundamental. Na esquizofrenia, o uso de antipsicóticos é a pedra mestre do tratamento, enquanto no transtorno bipolar o mesmo é feito com estabilizadores de humor. “Nos dois casos pode ser necessário o uso de outras medicações, como antipsicóticos e antidepressivos no transtorno bipolar, ou antidepressivos, benzodiazepínicos, entre outros, na esquizofrenia”, explica.
Outras terapias como psicoterapia, hospital-dia, entre outros também são úteis e devem ser avaliados caso a caso. “Para as duas doenças, os tratamentos são contínuos e têm como objetivo a reversão de sintomas e alargamento dos períodos intercrises e não da doença, pois as duas são crônicas, ou seja, durarão por toda a vida”, finaliza.
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