A região deve encarar nova crise hídrica que pode durar até 3 anos. A previsão foi feita em evento da Coden pelo hidrólogo e professor da Unicamp (Universidade de Campinas) Antônio Carlos Zuffo.

Reconhecendo a responsabilidade coletiva de cuidar bem da água, a Coden Ambiental, empresa municipal responsável pelos serviços de Saneamento Básico de Nova Odessa reuniu no Teatro Municipal na manhã de terça-feira (05/11/2004) autoridades, lideranças comunitárias e religiosas, educadores, gestores de condomínios e representantes de entidades assistenciais para a palestra “Variação do clima e seus impactos na infraestrutura hídrica”, ministrada por Zuffo.

Na abertura, o prefeito Leitinho Schooder (PSD) falou sobre os investimentos do seu governo na segurança hídrica do município, destacando a conclusão da ETA (Estação de Tratamento de Água) 2 – Santo Ângelo e as obras para levar água encanada à região do Pós-Anhanguera. “Temos trabalhado muito para que não falte água em Nova Odessa com obras e serviços que estão recuperando os recursos existentes e agregando novas melhorias”, afirmou.

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Presidente da Coden, Elsio Boccaletto anunciou uma parceria com a Prefeitura, através da Secretaria de Obras, Projetos e Planejamento Urbano, para a elaboração de um plano de recuperação da vegetação ciliar às margens das nascentes do município. “A ordem de serviço da prefeitura já foi assinada e, em breve, teremos um cronograma e os projetos a serem desenvolvidos”, explicou.

Durante sua apresentação, o professor Zuffo analisou o comportamento hídrico da região de São Paulo e as Bacias PCJ e destacou um padrão climático, conhecido como Ciclo de Schwabe, que prevê a ocorrência de crises hídricas em intervalos de aproximadamente 11 anos. Zuffo também mencionou crises anteriores em 2003 e 2014/15 e, de acordo com ele, se esse padrão se repetir, o próximo evento hidrológico extremo é esperado entre 2025 e 2027.

“EFEITO JOSÉ” e a região

Região deve ter nova críse hídrica entre 2025-27

Zuffo ainda abordou a questão das vazões Q7,10, que representam a média de sete vazões diárias consecutivas, podendo se repetir, em média, uma vez a cada dez anos. Ele alertou que essas vazões estão diminuindo nos rios da região devido ao “Efeito José”, fenômeno que causa longos ciclos de períodos úmidos e secos, com intervalos de 30 a 50 anos.

Para exemplificar, o professor citou na Bacia do Rio Camanducaia, onde a vazão Q7,10 caiu de 8,03 m³/s no período úmido anterior para 2,78 m³/s no período seco atual. Segundo Zuffo, esse declínio é preocupante, pois indica uma fase de estresse hídrico que pode durar mais 30 anos.

Além dos ciclos regulares, Zuffo mencionou também o “Efeito Noé”, que se refere a eventos climáticos extremos e pontuais. Esses são imprevisíveis e podem causar danos significativos em curto prazo. Um exemplo recente foram as precipitações no Rio Grande do Sul em maio deste ano, que ficaram 455% acima da média histórica.

Zuffo também chamou a atenção para os possíveis impactos de uma nova crise, como a redução da geração de hidroeletricidade e a queda da produtividade agrícola devido à diminuição das chuvas.

SEGURANÇA HÍDRICA

Para minimizar os impactos das futuras crises e aumentar a segurança hídrica, Zuffo recomendou aos gestores duas medidas principais. Uma delas é considerar as variações climatológicas extremas, como os ciclos do “Efeito José”, nos planos de longo prazo para Abastecimento, Energia, Irrigação e Indústria.

Outra, é a construção de reservatórios adicionais de regularização, que podem armazenar água durante períodos de abundância e liberá-la durante períodos de seca, ajudando a manter um fornecimento estável.

 

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