“Kokoro” ganha nova edição no Brasil
“Kokoro”, obra-prima de Natsume Sōseki, ganha nova edição no Brasil
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Título: Kokoro
Autor: Natsume Soseki
Tradução: Junko Ota
Formato: 16 x 23 cm | 256 páginas
ISBN: 978-85-7448-327-6
Preço: R$ 77,00
Lançamento: 18/11/2025
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Soseki permanece até hoje como um dos escritores mais populares e lidos do Japão. Destacou-se em diversos tipos de escrita, como romances, ensaios e obras de teoria literária, certamente inovadores para a sua época. Se, por um lado, absorveu influências do Ocidente, por outro, apregoou a valorização da cultura tradicional nipônica.
Originalmente publicado em 1914, dois anos antes da morte do autor, Kokoro é o romance mais conhecido de Natsume Soseki. Estruturado em três partes, sua narrativa se passa ao final da era Meiji e gira em torno da diferença geracional entre os protagonistas, refletindo as tensões de uma sociedade em transformação. Porém, mais do que um retrato de época, o texto de Soseki é um conflito a céu aberto entre o individualismo e o senso de dever social. E desse conflito nascem profundos questionamentos sobre a dificuldade de se abrir ao outro, o peso da culpa e os dilemas da confiança.
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Na primeira parte, O professor e eu, um jovem estudante (narrador), se aproxima de um homem mais velho a quem passa chamar de professor. Aos poucos, por meio de conversas, o jovem começa a perceber sentimentos de solidão e culpa que sempre pairam ao redor do professor. Na segunda parte, Meus pais e eu, acompanhamos o narrador em sua terra natal, enfrentando dilemas pessoais e familiares. Já na última parte, O professor e o testamento, o professor ganha centralidade por meio de uma longa carta e traz essas questões à tona de forma dilacerante, como se seu próprio coração pulsasse nas entrelinhas das palavras ali escritas, revelando a história por trás de sua juventude e explicando o seu desprezo pela humanidade. É nesse desfecho que o romance alcança seu ponto mais profundo e o leitor se depara com a perspectiva de o mundo como algo assombroso e intrincado.
Como uma obra que possibilita novas interpretações a cada leitura, Natsume Soseki apresenta em Kokoro retratos da complexidade do coração e da fragilidade das conexões interpessoais. Seu título reúne múltiplos sentidos: coração, mente, alma, espírito, sentimento, determinação, essência, de forma que uma simples tradução literal da palavra resultaria em uma apreensão incompleta de seu significado. Elegante e melancólico, Kokoro é um mergulho nos labirintos da consciência, naquilo que não se diz, mas que molda vidas inteiras. Uma obra que fala da impossibilidade de escapar da solidão — e da necessidade de entendê-la com honestidade.
Além de seu imenso legado literário, Kokoro conquistou novos leitores por diferentes meios. Em 2009, ganhou uma adaptação para anime no projeto Aoi Bungaku (Literatura Azul), produzido pelo Estúdio Madhouse. A obra também é parte dos livros didáticos de literatura do ensino médio no Japão, reafirmando sua relevância e permanência como uma das mais importantes da literatura mundial.
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Soseki nasceu em Tóquio em 5 de janeiro de 1867. Teve infância difícil e solitária, sendo entregue pelos pais a outra família com apenas dois anos de idade e retornando a sua casa aos nove. Torna-se órfão de mãe aos catorze anos e sofre rejeição por parte do pai. Estuda literatura tradicional chinesa desde a infância.
Ingressa, aos 23 anos, na Universidade Imperial (atual Universidade de Tóquio), para cursar literatura inglesa. Leciona inglês na Escola Especializada de Tóquio (hoje, Universidade Waseda). Crises nervosas o fazem abandonar Tóquio e o prestigioso cargo que possuía. Estabelece-se em Ehime (Shikoku) e passa a dar aulas numa escola secundária.
Em 1900, viaja à Inglaterra como bolsista para estudar literatura e ensino da língua inglesa. Não se adapta à cultura ocidental, entra novamente em depressão e regressa ao Japão em 1903, retomando o magistério. A vida doméstica entra em crise, e afasta-se da família.
Estreia com Eu sou um gato em 1905, obtendo notável recepção de crítica e público. Abandona o ensino dois anos depois, dedicando-se unicamente à literatura a partir de então. Torna-se escritor exclusivo do diário Asahi Shimbun. Em 1910 é acometido por uma primeira crise de úlcera. Pouco depois, recusa o título de doutor. Falece em 9 de dezembro de 1916, de sequelas de sua enfermidade.
Marcou época opondo-se à voga naturalista reinante na Era Meiji, pregando um maior individualismo. O que o levaria também à introdução precoce de aspectos psicológicos na construção de seus personagens. Outras de suas principais obras são Botchan (1906), Sanshiro (1908), E depois (1909) e O portal (1910) – todas também publicadas por esta casa.
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·Publicado em 1914, Kokoro é, até hoje, o romance mais lido e conhecido de Natsume Sōseki.
·Em 2009, ganhou uma adaptação em anime no projeto Aoi Bungaku (Literatura Azul), do Estúdio Madhouse, apresentada nos episódios 7 e 8 da série.
·A obra faz parte dos livros didáticos de literatura japonesa contemporânea do ensino médio no Japão.
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“Sempre o chamei de professor. Por isso, usarei somente professor aqui, sem revelar seu nome. Não para resguardá‑lo perante a sociedade, mas porque é mais natural para mim. Toda vez que ele me vem à memória, logo sinto vontade de chamá‑lo: professor.” [p. 13]
“Os cumprimentos secos e os gestos aparentemente frios que exibia às vezes não eram expressões de desagrado, buscando distância com relação a mim. Era um alerta do pobre professor, aos que se aproximavam dele, de que a aproximação não valia a pena. O professor, que não respondia ao afeto dos outros, antes de desprezá‑los, desprezava a si próprio.” [p. 19]
“Eu era jovem e impetuoso. Pelo menos, assim parecia aos olhos do professor. Para mim, as conversas com o professor eram mais úteis do que as aulas na universidade. O pensamento dele era mais valioso do que as opiniões de um professor universitário. Em suma, o professor, que se resguardava e falava pouco, era mais importante do que as pessoas que, em pé no púlpito, me orientavam.” [ p. 40]
“[…]Mas você acha que só existe um tipo de pessoa má neste mundo? É claro que não existe um modelo de pessoa má. Normalmente, são pessoas boas. Pelo menos, são todas pessoas normais. Mas, em dadas circunstâncias, se tornam más, o que é apavorante. ” [p. 72 -73]
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